Dados do Trabalho


Título

Adenocarcinoma de pulmão oligometastático em um indivíduo peruano com EGFR mutado: um relato de caso

Apresentação do Caso

Homem, 70 anos, ex-tabagista, ECOG 1, com comorbidades cardiovasculares, foi diagnosticado em dezembro de 2016 com Adenocarcinoma de pulmão em estadiamento cT3N2, com EGFR mutado com deleção do Exon 19. Optou-se por iniciar terapia neoadjuvante com carboplatina e gencitabina, em 3 ciclos, em fevereiro de 2017, seguida por lobectomia pulmonar superior direita YpT1N0M0 no mês seguinte. Um ano após, em março de 2018, detectou-se recidiva isolada em adrenal (lado), sendo realizado adrenalectomia e iniciado adjuvância com Gefitinibe em junho de 2018. Em fevereiro de 2019, apresentou rash acneiforme, diarreia G1, gastrite enantematosa e blefarite, elevação de transaminases e H. pylori positivo, necessitando suspender Gefitinibe até abril de 2019. Tomografia computadorizada (TC) de abril de 2020 evidenciou lesão em 5° arco costal, a qual já havia sido laudada em exame de 2017. Em dezembro de 2021, realizou cateterismo. Ressonância magnética (RM) de crânio sem alterações neoplásicas. TCs de seguimento de 2022 e 2023 não mostraram sinais de recidiva da doença.

Discussão

O câncer de pulmão, em nível global, é a neoplasia mais incidente. Aproximadamente metade dos diagnósticos correspondem ao adenocarcinoma, caracterizado por um acometimento mais periférico do parênquima pulmonar, com destaque epidemiológico para mulheres, jovens e não-tabagistas. Atualmente, é fundamental a investigação da presença de mutações condutoras nos pacientes, tendo em vista a existência de tratamentos dirigidos à certas alterações. Tal fato merece atenção em algumas populações específicas, uma vez que as mutações não são distribuídas de forma homogênea. Estudos mostram uma prevalência maior de mutações oncogênicas de EGFR na população asiática e peruana, como o paciente supracitado, frente à população caucasiana e hispânica. Desse modo, tornou-se possível a utilização de um inibidor de tirosina quinase (gefitnibe) para atuar no receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) mutado, contribuindo para o desfecho observado.

Comentários Finais

O caso supracitado versa sobre uma neoplasia comum, em um perfil “não estereotipado” de paciente (masculino, idade avançada e tabagista), com a presença de uma mutação relevante em seu grupo racial. Com essa análise, pode-se pensar em políticas específicas de rastreamento para essa população específica, visto a maior propensão em possuir mutações e sua associação com o maior risco de desenvolvimento dessa neoplasia.

Área

Neoplásias Torácicas

Autores

AMANDA RIBEIRO DA SILVA, Igor Casotti de Pádua, Eduardo Bischoff