Dados do Trabalho


Título

Imunoterapia + quimioterapia intra-arterial hepática (HAIC) na conversão de metástase hepática colorretal: um relato de caso

Apresentação do Caso

Mulher, 60 anos, com carcinomatose em transição de cólon transverso e descendente (CCR), além de uma lesão hepática única de 11 cm em março de 2020. Antígeno carcinoembrionário (CEA) de 328 ng/mL e CA 19-9 de 252 U/mL. Optou-se por terapêutica com realização de hemicolectomia com ostomia em dupla boca, seguido de plano de mFOLFOX adjuvante. Paciente apresentou mucosite G3 após primeiro ciclo. Realizou 3 ciclos, entretanto, constatou-se progressão da doença, de modo que se iniciou FOLFIRI + pembrolizumab em 2ª linha. Concomitante, iniciou-se quimioterapia intra-arterial hepática (HAIC) intercalando, a cada 15 dias, oxaliplatina + irinotecano (DEBIRI) e oxaliplatina individual, por 7 ciclos, realizando inserção de filtro de veia cava. Em março/21 a paciente realizou trissegmentectomia hepática (segmentos V, VI e VII), com margens cirúrgicas livres. Seguiu com boa evolução clínica, imagens de abdome e tórax sem recidiva, bem como marcadores tumorais dentro da referência.

Discussão

As metástases hepáticas correspondem à localização dominante de disseminação em tumores colorretais, em que 20% desses pacientes são candidatos à ressecção hepática potencialmente curativa, ao passo que o restante apresenta concomitante disseminação extra-hepática. No caso, a paciente realizou quimioterapia adjuvante, sem resposta adequada, necessitando de progressão na linha. Com o agravo, adicionou-se HAIC ao arsenal terapêutico. A literatura apresenta relatos de séries não controladas combinando HAIC com quimioterapia sistêmica, de modo a converter um número significativo em doença potencialmente ressecável. Há divergência na literatura quanto a sua efetividade, de modo que sua recomendação é incerta, devendo ser utilizada somente mediante uma análise individualizada dos potenciais riscos e benefícios, sendo contraindicada medida isolada. Houve sucesso terapêutico significativo do arsenal utilizado após a progressão tumoral, de tal modo que alterou o prognóstico da paciente, que pôde ser submetida à cirurgia e segue em acompanhamento, sem evidência de doença.

Comentários Finais

O tumor relatado, diferente de outros cânceres hepáticos, não tem caráter agressivo, embora relacionado a complicações envolvendo seu crescimento e compressão tecidual adjacente. Tanto a natureza como o desfecho do tratamento podem ser definidos mediante diagnóstico por imagem e análise histopatológica, objetivando o desenvolvimento de imunoterapias que tragam maior qualidade de vida ao paciente, bem como reduzam a progressão da doença.

Área

Câncer Colorretal

Autores

AMANDA RIBEIRO DA SILVA, Igor Casotti de Pádua, Márcio Fernando Boff