Dados do Trabalho


Título

Abordagem cirúrgica de recidiva de neoplasia de reto e canal anal: Relato de Caso

Apresentação do Caso

Homem, 69 anos, hipertenso e diabético, teve diagnóstico prévio de adenocarcinoma moderadamente diferenciado de canal anal e reto médio, com invasão de cólon sigmoide, em 2021, associado a invasão linfovascular. Tratado com retossigmoidectomia a Hartmann e quimioterapia adjuvante, sendo necessário fasciotomia em períneo para tratamento de abscesso anal no pós-operatório. Após dois anos, paciente retorna para realização de colonoscopia, apresentando lesão ulcerada infiltrativa em borda anal à inspeção anal e toque retal. A biópsia foi encaminhada para análise anatomopatológica, evidenciando adenocarcinoma papilar moderadamente diferenciado, confirmando a recidiva. Optou-se pela amputação de ânus e reto por via perineal em posição de Kraske. O paciente evoluiu com sangramento intracavitário no primeiro dia de pós-operatório, sendo abordado novamente para colocação de compressas no local, resultando em bom controle do sangramento. Paciente teve recuperação satisfatória, com bom controle álgico e colostomia funcionante.

Discussão

Descrevemos o caso de um paciente diagnosticado com adenocarcinoma de reto e canal anal, sendo o último uma neoplasia rara, representando cerca de 1 a 2% dos tumores anorretais. O paradigma terapêutico foi transformado na década de 70 a partir dos estudos de Nigro, destacando as modalidades de radio e quimioterapia, as quais apresentaram taxas de sobrevida em 5 anos alcançando até 90%. Contudo, a abordagem cirúrgica, embora inicialmente limitada, assume relevância nos casos de falha no tratamento clínico e no controle de recidivas, em consonância com a conduta do presente caso. As taxas de recidiva frequentemente são baixas, reforçando a singularidade do caso em análise, cujo seguimento preconizado estende-se ao período de 5 anos. Durante este intervalo, recomenda-se avaliação clínica a cada 3 a 6 meses, compreendendo toque retal, anuscopia, exame clínico de linfonodos inguinais e, também, tomografia computadorizada de abdome e pelve anual nos primeiros 3 anos.

Comentários Finais

Por se tratar de uma condição incomum e com experiência clínica ainda limitada, o câncer de canal anal suscita a imprescindibilidade da vigilância eficaz em pacientes no pós-tratamento, uma vez que o manejo das recidivas pode ser ainda mais desafiador e causador de morbidades, mas que se realizado em estágios iniciais pode elevar significativamente a sobrevida.

Área

Câncer Colorretal

Autores

VANIA MARISIA SANTOS FORTES DOS REIS, MILENA SALVADOR MARTINS, ISABELA ALICIA FINK, IGOR CASOTTI DE PADUA, GEORGIA SANDLER GUIMARAES, BERNARDO DO NASCIMENTO PITTHAN, BRUNA ALBACETE PIRES, KAREN LIZETH PUMA LLIGUIN