Dados do Trabalho


Título

Tumor Gastrointestinal Estromal (GIST): Abordagem Atípica e Desafios Diagnósticos 

Apresentação do Caso

Paciente feminina, 72 anos, chega à emergência com quadro de dor abdominal de forte intensidade e episódios de vômitos pós prandiais. Relata início dos sintomas de menor intensidade há 4 meses, associados à perda ponderal de 8kg neste período. Durante a investigação, foi evidenciada em tomografia de abdome uma lesão expansiva na fossa ilíaca direita, medindo 9,0 x 7,8 x 6,6 cm, com centro cístico e paredes espessas e irregulares, além de torção dos vasos mesentéricos superiores compatível com volvo mesentérico. Indicada cirurgia de urgência, na qual foi identificada uma massa tumoral em fossa ilíaca direita, há 30cm do ângulo de Treitz, provocando volvo intestinal. Após distorção do volvo, foi realizada enterectomia segmentar com margem e anastomose primária látero-lateral. O exame anatomopatológico diagnosticou tumor estromal gastrointestinal (GIST), com limites cirúrgicos e linfonodos livres de neoplasia. O diagnóstico foi confirmado por exame imunohistoquímico. A paciente evoluiu satisfatoriamente e recebeu alta no sétimo dia pós-operatório. Atualmente, segue acompanhamento regular com a equipe.

Discussão

O tumor de estroma gastrointestinal (GIST) corresponde ao tipo mais comum dos sarcomas de tecidos moles. Estes, em sua maioria, são causados por mutações no gene C-KIT, e predominam no estômago (60 a 70%) e no intestino delgado (30%). São mais frequentes entre 50 e 60 anos, e possuem evolução majoritariamente assintomática, dificultando seu diagnóstico e favorecendo o diagnóstico incidental em exames de rotina e durante procedimentos cirúrgicos. Quando sintomáticos, podem causar dor abdominal, sangramento digestivo, emagrecimento e obstruções. O tratamento é a ressecção completa das lesões e a adjuvância com Imatinibe quando os tumores são maiores do que 3 cm. Em tumores menores do que 2 cm a conduta é controversa, podendo ser ressecados ou observados com ecoendoscopia. No caso supracitado foi indicada cirurgia de urgência devido a torção de vasos mesentéricos. O volvo foi desfeito e o agente causador ressecado.

Comentários Finais

O caso apresentado possui evolução e apresentação atípica, onde o GIST mimetiza um tumor mesenquimal em íleo terminal isolado ao quadro de um volvo mesentérico. A relevância se dá devido à importância do seu diagnóstico diferencial para viabilizar tratamento particular para esse tipo de neoplasia, tendo como aliados estudos imuno-histoquímicos, relações anatômicas e padrão morfológico.

Área

Neoplasias Raras

Autores

GEOVANA CERSER DOS SANTOS, Caroline Becker Giacomazzi, Leonardo Oliveira da Silva, Ulysses Razia Cavalcanti, Caroline Becker, Helena Ferreira da Silva Rypl, Guilherme Mazzucco