Dados do Trabalho

Título

NEOPLASIAS ESOFÁGICAS NAS REGIÕES SUL E NORDESTE DO BRASIL E SUA CORRELAÇÃO COM O CONSUMO DE CHIMARRÃO: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA

Introdução

O câncer de esôfago é uma das neoplasias mais prevalentes no mundo, sendo que as formas principais são adenocarcinoma e carcinoma de células escamosas. Inúmeros fatores de risco, como idade avançada, predisposição genética e o consumo de bebidas muito quentes, como o chimarrão (infusão de Ilex paraguariensis), podem estar relacionados à etiologia desse conjunto de doenças. Embora o chimarrão seja amplamente consumido diariamente, especialmente no Sul do Brasil, os possíveis efeitos prejudiciais de sua ingestão em altas temperaturas são pouco conhecidos, e sua associação com o desenvolvimento de neoplasias esofágicas carece de investigações epidemiológicas mais aprofundadas.

Objetivo

Examinar dados epidemiológicos sobre neoplasias esofágicas e internações hospitalares associadas nas regiões Sul e Nordeste, avaliando a possível correlação com o consumo de chimarrão.

Método

Revisão de literatura nas bases de dados BVS e PubMed, utilizando os descritores "Ilex paraguariensis" OR "mate" AND "câncer esofágico" OR "neoplasia esofágica", com filtros para artigos completos e publicados nos últimos 10 anos. Dados epidemiológicos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e do Sistema de Informações Hospitalares também foram analisados, referentes ao período de 2019 a 2023, abrangendo indivíduos com idade superior a 50 anos e internações relacionadas a neoplasias malignas do esôfago.

Resultados

10 artigos foram selecionados na revisão. Os dados revelaram que, no período investigado, ocorreram 22.301 internações por neoplasia esofágica no Sul, um número significativamente maior do que na região Nordeste, que registrou 13.183, mesmo com população menor. Considerando dados do IBGE de 2022, a taxa de internações foi de 74,50 por 100 mil habitantes na região Sul, em comparação a 24,12 por 100 mil habitantes no Nordeste.

Conclusão

A revisão literária sugeriu que a maior incidência de câncer de esôfago no Sul pode estar relacionada ao consumo de chimarrão em temperaturas superiores a 65ºC, e essa prática, prevalente no Sul do Brasil, pode explicar, em parte, a disparidade observada entre as regiões. Contudo, devido à natureza multifatorial do câncer esofágico, é necessário que estudos futuros aprofundem a análise dessa associação para fornecer evidências mais robustas sobre o impacto do costume no desenvolvimento da doença.