Dados do Trabalho
Título
Impacto dos determinantes sociais de saúde no desfecho pós-operatório nos pacientes portadores de câncer gástrico - um estudo retrospectivo
Introdução
O câncer de estômago é a terceira causa de óbitos por câncer no Brasil e o quinto tipo de câncer mais prevalente no mundo. Devido a ausência de sintomas nos estágios mais iniciais e a dificuldade do acesso ao diagnóstico e tratamento, o diagnóstico frequentemente é tardio. Em paralelo a esse contexto,atualmente no mundo se discute o impacto dos determinantes sociais de saúde (DSS) e as desigualdades na assistência oncológica. Urge a necessidade de formar equipes de saúde que conheçam o impacto desses DSS na assistência oncológica e que sejam desenvolvidas estratégias para diminuir as desigualdades.
Objetivo
O objetivo é identificar a associação dos determinantes sociais de saúde com a morbidade pós-operatória.
Método
Trata-se de um estudo retrospectivo de uma coorte de pacientes com adenocarcinoma do estômago, submetidos a tratamento cirúrgico, associado ou não a tratamentos complementares, provenientes do SUS, de janeiro de 2015 a dezembro de 2023. Foram coletadas as variáveis sócio-demográficas, clínicas e desfechos a curto prazo do tratamento cirúrgico. Foi coletado o tipo de cirurgia realizada: gastrectomia total, subtotal, total com esofagectomia distal e ressecção multiorgânica. Além disso, foram compilados a participação em programas sociais da instituição. Foi realizada análise estatística para identificação de variáveis associadas a complicações pós-operatórias.
Resultados
Obtivemos um total de 280 pacientes. A maioria eram homens (55,7%), com média de idade 63,4 (DP ± 12,9). A maioria era de raça parda (68%). 65% possuíam o fundamental incompleto. A maioria eram provenientes da região metropolitana (71%), e 15,4% não apresentavam diagnóstico ao dar entrada no serviço terciário. Em relação aos fatores de risco, o alcoolismo foi evidenciado em 44,5% e tabagismo, em 47,5%. 70% dos pacientes receberam alguma assistência, através de participação nos programas sociais da instituição.
A morbidade pós-operatória foi de 11% e a mortalidade em 30 dias, 4,2%. Na análise univariada, apenas o tipo de cirurgia realizada estava associado a complicação pós-operatória.
Conclusão
No nosso estudo, relatamos alta proporção de pacientes que sofrem o impacto das desigualdades na assistência oncológica. Entretanto, não observamos a influência dos determinantes sociais de saúde no desfecho pós-operatório. Além da amostra ser composta por pacientes do SUS, grande parte participou de projetos sociais da instituição, o que pode ter mitigado os efeitos deletérios das desigualdades na morbidade pós-operatória
Área
Câncer Esofagogástrico
Autores
GUILHERME BASTOS CRESPO, Leonardo Orletti, Luiz Fernando Mazzini Gomes, Alexandrina Ferreira Da silva, Caio Duarte Neto, Pedro Angelo Oliveira Ghetti, Leticia Goncalves Marim, Luiz Augusto De Castro Fagundes Filho, Ana Luiza Miranda Cardona Machado, Ana Paula Mazzoco Do Nascimento Dalvi