Dados do Trabalho
Título
Papel da ablação por microondas versus radiofrequência no tratamento de tumores hepáticos primários e metastáticos.
Introdução
O tratamento de tumores hepáticos evoluiu significativamente com o advento de técnicas minimamente invasivas, destacando-se a ablação por microondas (MWA) e por radiofrequência (RFA). Estas abordagens oferecem alternativas à ressecção cirúrgica, visando o controle local da doença e a preservação da função hepática. Paralelamente, tem- se explorado o papel do microbioma intestinal na carcinogênese hepática e na resposta terapêutica, abrindo novas perspectivas para a compreensão e o tratamento desses tumores.
Objetivo
Comparar a eficácia e segurança da ablação por microondas (MWA) versus ablação por radiofrequência (RFA) no tratamento de tumores hepáticos primários e metastáticos.
Método
Para a realização desta revisão, seguindo o protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) foram pesquisadas as bases de dados PubMed, Cochrane Library e BVS por artigos publicados entre 2019 e 2024. Os critérios de inclusão foram estudos revisados por pares que comparavam diretamente MWA e RFA no tratamento de tumores hepáticos, publicados em inglês e português. Foram excluídos relatos de caso isolados, revisões narrativas e estudos sem dados primários. A qualidade dos estudos foi avaliada utilizando a escala Jadad para ensaios clínicos e AMSTAR-2 para revisões sistemáticas.
Resultados
A análise de 15 estudos, envolvendo 1.876 pacientes, revelou que a ablação por microondas (MWA) apresenta vantagens significativas sobre a ablação por radiofrequência (RFA) para tumores hepáticos maiores que 3 cm. A MWA demonstrou menor taxa de recorrência local (12,3% vs 18,2%, p<0,05), tempos de procedimento mais curtos (36 vs 48 minutos, p<0,01) e maior eficácia em sessão única (89% vs 76%, p<0,05). Para tumores menores que 3 cm, ambas as técnicas mostraram eficácia comparável. A sobrevida global em 3 anos foi similar (MWA: 78,5% vs RFA: 76,9%, p=0,62). Estudos recentes sugerem que a microbiota intestinal pode influenciar o desenvolvimento tumoral e a resposta às terapias ablativas, abrindo novas perspectivas para pesquisas e personalização do tratamento.
Conclusão
A ablação por microondas demonstra vantagens sobre a radiofrequência no tratamento de tumores hepáticos maiores que 3 cm, oferecendo menor recorrência local e procedimentos mais rápidos. Para tumores menores, ambas as técnicas são comparáveis em eficácia. No entanto, pesquisas futuras devem focar na personalização do tratamento baseado no tamanho e localização do tumor.
Área
Câncer Hepato-pancreato-biliar
Autores
GIULIA MARINA AIUB SALOMAO, GIOVANA PEREIRA BENEVIDES, MARIA EDUARDA DE LIMA