Dados do Trabalho


Título

TROMBOEMBOLISMO PULMONAR BILATERAL COMO REAÇÃO PARANEOPLÁSICA DE CÂNCER DE CABEÇA DE PÂNCREAS: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente, M.H.P., sexo feminino, 79 anos, com histórico de adenocarcinoma ductal infiltrante de mama direita e tromboembolismo pulmonar (TEP), em decorrência de trombose venosa profunda (TVP), na perna esquerda. Desde o ocorrido, fazia uso de anticoagulante oral. Em junho de 2023, a paciente apresentou dores na coluna e astenia associado a saturação 88% em ar ambiente, sem dispneia. Exames laboratoriais evidenciaram alteração nas enzimas hepáticas, desidrogenase láctica, plaquetas e D-dímero. Angiotomografia de tórax, apresentou TEP bilateral e a ultrassonografia Doppler venoso do membro inferior esquerdo, mostrou TVP. Paciente necessitou da colocação do filtro de veia cava. Uma tomografia de abdome total com contraste evidenciou lesões suspeitas no fígado e pâncreas e aumento de linfonodos peripancreáticos. O anátomo patológico das lesões hepáticas apresentou resultado de adenocarcinoma ductal metastático, sendo consistente com neoplasia primária de pâncreas. Como a paciente estava muito debilitada e devido ao mau prognóstico do câncer de pâncreas, a conduta foi de cuidados paliativos. Paciente faleceu um dia após a confirmação diagnóstica.

Discussão

O câncer de pâncreas é uma doença altamente letal, por ser geralmente assintomático e silencioso. A paciente em questão não apresentou nenhuma manifestação clínica da doença, sendo seu único sintoma aparente, fraqueza intensa, acompanhada da baixa saturação de O2, o que evidenciou TEP bilateral. Considerando o histórico da paciente o TEP passou a ser considerado como uma reação paraneoplásica. O câncer de pâncreas evidencia um estado de hipercoagulabilidade, dessa forma, 30% dos pacientes com câncer de pâncreas apresentam trombose. No diagnóstico, além da avaliação da clínica, deve-se realizar exames laboratoriais, de imagem abdominal e avaliação histopatológica. O tratamento é desafiador, por ser diagnosticado em estágios avançados. O único tratamento que pode resultar na cura, desde que seja possível a realização, é a cirurgia. Em pacientes com presença de metástates, devem ser tratados com quimioterapia.

Comentários Finais

O câncer de pâncreas é uma doença grave, diagnosticado tardiamente, por isso, é fundamental conhecer possíveis sintomatologias que podem auxiliar no diagnóstico e analisar a relação do câncer de pâncreas com as reações paraneoplásicas, visando uma detecção precoce, mesmo em pacientes assintomáticos, para melhorar a sobrevida e reduzir a morbidade.

Área

Câncer Hepato-pancreato-biliar

Autores

VALENTINA CANTELE DELLA LATTA, FÁBIO HERGET PITANGA, ARIANA CENTA