Dados do Trabalho


Título

CARCINOMA ESCAMOSO AVANÇADO DE VESÍCULA BILIAR DIAGNOSTICADO POR CONGELAMENTO INTRAOPERATÓRIO

Apresentação do Caso

Paciente masculino de 83 anos, hígido, relatou dor em hipocôndrio direito há quatro meses associada a perda de peso inespecífica, cuja ultrassonografia externa revelou vesícula biliar com paredes espessadas e delaminadas com cálculos biliares e ectasia do hepatocolédoco. Foi encaminhado ao nosso hospital apresentando dor intensa e defesa abdominal na consulta inicial. Foi internado com leucocitose discreta, anemia e elevação das enzimas canaliculares e do marcador CA 19-9. Realizada ecoendoscopia que evidenciou hepatocolédoco ectasiado com barro biliar além de vesícula aumentada, com conteúdo heterogêneo e imagens sugestivas de cálculos, sem achados hepáticos . Optou-se pela remoção de cálculos por CPRE e colecistectomia semi-eletiva. Durante a cirurgia, notou-se vesícula biliar em porcelana, com invasão macroscópica do parênquima hepático. Realizada biópsia por congelamento que revelou carcinoma escamoso infiltrativo na amostra hepática. O procedimento cirúrgico foi interrompido para estadiamento. A tomografia revelou lesões nos segmenos IVb, V e VI hepáticos, medindo em conjunto cerca de 10,6x5,8cm, além de linfonodos vesiculares, paraaórticos e retroperitoneiais suspeitos. Definiu-se neoplasia localmente avançada e o paciente não era elegível para quimioterapia ou radioterapia, recebendo cuidados paliativos até seu óbito 60 dias após o diagnóstico.

Discussão

O carcinoma escamoso da vesícula biliar é raro, representando menos de 2% dos carcinomas vesiculares, com maior incidência em regiões com alta taxa de colelitíase, como a América Latina. Ocorre em pacientes acima de 60 anos, com prevalência maior em mulheres. Sintomatologia é semelhante ao adenocarcinoma e canaliculares e CA 19-9 podem estar elevados. Assim como no caso apresentado, ultrassom ou ecoendocospia são métodos de rastreio inicial e podem apresentar limitações conforme características do paciente, da patologia e do examinador. A cirurgia é o tratamento primário do CEC, com prognóstico desfavorável, altas taxas de recorrência e necessidade de adjuvância ou resgate.

Comentários Finais

O CEC da vesícula biliar é relevante no contexto onde cerca de 200.000 colecistectomias são realizadas ao ano no Brasil, principalmente em pacientes com colelitíase e colecistite crônica. A identificação precoce de malignidades não é sempre possível em exames de imagem, sendo importante estabelecer fatores os riscos de alta suspeição pré-operatória, além de garantir cirurgias oncologicamente seguras e seguimento ambulatorial.

Área

Neoplasias Raras

Autores

GIULIANNA CHIQUETO DUARTE, FELIPE GILBERTO VALERINI, FRANCISCO DE ASSIS SILVA LACERDA, LUIS GUSTAVO GUSBERTI, GABRIELA BORTOLI MOREIRA, MARIA EMÍLIA MOISÉS SILVESTRE