Dados do Trabalho
Título
LINFOMA PRIMÁRIO HEPÁTICO SIMULANDO METÁSTASE DE ADENOCARCINOMA DE CECO
Apresentação do Caso
Paciente feminina de 58 anos, ex-tabagista e etilista, encaminhada á cirurgia hepatobiliar devido a um nódulo hepático identificado em tomografia durante o seguimento de neoplasia de ceco. Desde 2019, mantinha acompanhamento oncológico após laparotomia exploradora e colectomia direita por abdome agudo obstrutivo, cuja patologia revelou adenocarcinoma de ceco T3N1M0 e ressecção R0. Na época foi tratada com quimioterapia adjuvante, apresentando evolução estável.
A RECIST de 2023 evidenciou novo nódulo hepático hipodenso e hiporrealçante no segmento IVA, medindo 3cm. A paciente não apresentava queixas. Houve aumento de CEA (4,0 para 6,5 em 4 meses). PET-CT revelou hipermetabolismo do nódulo, sugerindo acometimento secundário. O caso foi discutido em tumor board, e concordou-se com a possibilidade de progressão da doença neoplásica para o fígado. Indicou-se, metastasectomia com quimioterapia perioperatória.
Foi realizada segmentectomia hepática não regrada do segmento IVA, onde foi identificado nódulo de 2x2cm próximo à veia supra-hepática média. A cirurgia foi bem-sucedida e a paciente teve alta no oitavo dia. No retorno, o anatomopatológico revelou Linfoma Difuso de Grandes Células B, subtipo não centro germinativo, com hepatite crônica e atividade necro-inflamatória moderada. Houve revisão das lâminas do adenocarcinoma e do linfoma, e um novo PET-CT, confirmando a natureza distinta das neoplasias. A paciente foi encaminhada para tratamento hematológico do linfoma primário hepático e para tratamento da hepatite C identificada. Recebeu esquema quimioterápico e obteve resposta completa, sem sinais de progressão do adenocarcinoma ou do linfoma.
Discussão
Linfoma hepático primário é muito raro, correspondendo a menos de 0,4% dos linfomas não-Hodgkin. Comumente está asssociado a condições como hepatite viral e HIV e existem menos de 200 destes casos documentados, sendo 35 em pacientes VHC positivo. Por outro lado, quase metade dos pacientes com câncer colorretal apresenta metástases hepáticas, e o tratamento cirúrgico ainda é única opção curativa, com sobrevida em cinco anos de até 58%. Métodos de imagem ajudam a diferenciar as patologias, mas a biópsia é essencial para elucidação.
Comentários Finais
O manejo do linfoma é distinto de outras neoplasias, e a familiaridade com suas características etiopatogênicas é crucial para um diganóstico e tratamento adequado. O VHC parece desempenhar um papel importante na gênese do linfoma primário hepático, necessitando investigação em todos os novos casos.
Área
Neoplasias Raras
Autores
GIULIANNA CHIQUETO DUARTE, FELIPE GILBERTO VALERINI, GABRIELA BORTOLI MOREIRA, MARIA EMÍLIA MOISÉS SILVESTRE