Dados do Trabalho


Título

Metástase Gástrica de Melanoma: Relato de Caso

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 43 anos, com quadro de hemoptise em janeiro de 2021. Exames de imagem indicaram lesões suspeitas de metástase no pulmão, átrio esquerdo, estômago, adrenais, SNC, pâncreas e peritônio. A biópsia diagnosticou metástase de melanoma com BRAF mutado. O sítio primário permaneceu indeterminado, e o estadiamento clínico foi IV. O paciente iniciou quimioterapia em maio de 2021 (Carboplatina + Paclitaxel), aguardando imunoterapia (Dabrafenib + Trametinib), que começou em agosto de 2021. Em abril de 2022, houve progressão da doença peritoneal e hepática, reiniciando a quimioterapia. Em outubro, iniciou a 3ª linha de tratamento (Nivolumab-ipilimumabe), mantendo apenas Nivolumab para manutenção desde abril de 2023. O paciente evoluiu com hemorragia digestiva alta, a tomografia indicou progressão da lesão gástrica e nódulo no mesentério, mas houve regressão das demais lesões, permanecendo a lesão pulmonar. A endoscopia não identificou o ponto de sangramento ativo, mas observou lesão friável e volumosa. Em 29/08/24, realizou gastrectomia subtotal, reconstrução em Y de Roux e metastasectomia no mesentério, com enterectomia parcial de íleo distal e enteroanastomose. A análise histopatológica confirmou metástase de melanoma em lesão gástrica (9,4 x 5,7 x 5 cm) e ausência de malignidade no nódulo mesentérico.

Discussão

A decisão de realizar cirurgia em pacientes com melanoma estágio IV é complexa, seja para fins curativos ou paliativos. Esses pacientes frequentemente apresentam dor (29 a 55%), obstrução (27%), sangramento (27%) ou perda de peso (9%), sendo o alívio desses sintomas o objetivo da cirurgia paliativa. As metástases gastrointestinais mais comuns ocorrem no intestino delgado, seguidas por cólon, estômago e reto. No presente caso, a cirurgia demonstrou valor ao conter o sangramento intermitente, visando aumentar a qualidade de vida e sobrevida do paciente. Abordagens neoadjuvantes com inibidores de BRAF/MEK e bloqueadores de checkpoints imunológicos apresentaram bons resultados em outros sítios metastáticos, mas não impediram a progressão gástrica neste caso.

Comentários Finais

Mesmo quando a ressecção curativa não é viável, a cirurgia paliativa pode aliviar sintomas, especialmente em pacientes de baixo risco com doença limitada ao trato gastrointestinal. O procedimento pode melhorar o estado clínico e a tolerância à terapia sistêmica, resultando em melhores desfechos.

Área

Câncer Esofagogástrico

Autores

MAYRA PEREIRA PEDRO, GIOVANNI LUIGI ARIZA CALVARIO, SAMUEL DA SILVA ROSÁRIO, VINICIUS PRONER REBELATTO, FÁBIO HERRMANN, DIEGO PAIXAO CORTES AGUIAR, CAROLAINE DE OLIVEIRA , ALEXANDRE ALVES ARIAS JUNIOR, ANTÔNIO CARLOS WESTON, ANTÔNIO NOCCHI KALLIL