Dados do Trabalho

Título

Tratamento cirúrgico em neoplasias malignas do fígado e vias biliares intra-hepáticas: um estudo epidemiológico da população infanto-juvenil brasileira

Introdução

As neoplasias primárias do fígado são de extrema relevância médica, embora as metástases no fígado são o tipo mais frequente de tumores hepáticos. Entre os tumores primários hepáticos em pediatria, o mais comum é o hepatoblastoma, câncer maligno de células embrionárias, sendo o terceiro tipo mais habitual de tumor sólido abdominal em crianças de 6 meses a 4 anos. Já em crianças mais velhas e adolescentes, o mais prevalente é o carcinoma hepatocelular, oriundo de hepatócitos e de perfil mais agressivo.

Objetivo

Analisar a prevalência do tratamento cirúrgico em neoplasias hepáticas e de vias biliares intra-hepáticas na população infanto-juvenil brasileira, bem como a distribuição de casos no território nacional no período analisado.

Método

Estudo epidemiológico descritivo retrospectivo conduzido entre 9 e 16 de setembro de 2024, utilizando dados do DATASUS, entre o período de 2013 a 2024, referentes aos registros de “neoplasia maligna do fígado e das vias biliares intra-hepáticas”. Os critérios de inclusão foram: diagnósticos de neoplasia maligna do fígado e das vias biliares intra-hepáticas tratados com cirurgia, faixa etária de 0 a 19 anos.

Resultados

No período analisado, foram constatados 206 casos de neoplasias malignas do fígado tratados cirurgicamente no Brasil. O ano com maior número de cirurgias foi 2022, com 30 casos reportados. Dentre as regiões brasileiras, o Nordeste apresentou maior prevalência com 84 notificações, seguido da região Sudeste com 64. O estado com maior número de cirurgias realizadas foi São Paulo, com 41 notificações, seguido do estado da Bahia com 33. Em relação à idade dos pacientes, o número de cirurgias em crianças menores de 1 ano de idade foram 19, de 1 ano foram 25 e de 2 anos foram 23, totalizando 67 casos.

Conclusão

A distribuição espacial no Brasil de casos de neoplasias malignas hepáticas tratadas cirurgicamente é mais prevalente na região Nordeste (40,7%), sendo majoritários no estado da Bahia (39,2%), em seguida da região Sudeste (31%), com maior número de casos no estado de São Paulo (64%). Em relação à idade mais prevalente de tratamento cirúrgico, de 0 a 2 anos ocorreram 67 casos, o que representa 32,5%, compatível com a neoplasia mais comum nessa idade, o hepatoblastoma, cujo tratamento de primeira linha é a cirurgia. Estudos futuros, com dados mais abrangentes e específicos de neoplasias hepáticas da população infanto-juvenil poderão fornecer novas informações sobre essa relevante patologia.