Dados do Trabalho

Título

O microbioma intestinal e a tumorigênese colorretal

Introdução

Evidências sugerem que as bactérias intestinais desempenham um papel importante na patogênese do câncer colorretal (CCR). Entretanto, devido à complexidade da microbiota intestinal, a identificação dos agentes microbianos específicos continua a ser um desafio. Especula-se que certos fatores como dieta, atividade física, consumo do álcool, tabaco e determinados medicamentos, levam à disbiose intestinal e, consequentemente, ao desenvolvimento do CCR.

Objetivo

Avaliar as evidências disponíveis sobre a relação entre o microbioma intestinal e a carcinogênese colorretal.

Método

Trata-se de um estudo de revisão de literatura que buscou dados dos últimos 10 anos sobre a relação entre o microbioma intestinal e o CCR. A pesquisa foi realizada na base de dados Pubmed a partir da combinação das seguintes palavras-chave: intestinal cancer development, intestinal dysbiosis, colorrectal cancer e gut microbiome.

Resultados

Diversos estudos tem investigado a influencia do microbioma intestinal no CCR. O estresse oxidativo, a indução de bacteriófagos e a secreção de toxinas bacterianas parecem desencadear mudanças entre os grupos microbianos intestinais. Uma das hipóteses envolve a disbiose e o desencadeamento de um processo inflamatório crônico, um fator chave para o desenvolvimento do CCR. Outros autores propõe ainda uma relação direta entre a tumorigênese do CCR e a disbiose por meio da modulação do sistema imunológico e ação direta de toxinas bacterianas genotóxicas. Cepas de bactérias como Escherichia coli (que produzem colibactina), Bacteroides vulgatus, Bacteroides stercoralis, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus S06, Eubacterium aerofaciens, Bacteroides fragilis e Fusobacterium nucleatum, Streptococus gallolyticus e Clostridium septicum já foram descritas por estarem envolvidas na gênese do CCR por diferentes mecanismos de ação.

Conclusão

Nos últimos anos o estudo do microbioma intestinal e sua relação com o desenvolvimento do CCR tem adquirido importância crescente tendo em vista que apenas 10-15% dos casos CCR são hereditários. Os mecanismos propostos são inflamação crônica, toxinas genotóxicas ou modulação do sistema imune. Levando-se em conta que a diversidade e a composição da microbiota intestinal normal são alterados ao longo da vida e moldados por diversos fatores, identificar as espécies bacterianas envolvidas no CCR e seu mecanismo de ação poderá ser benéfico na prevenção do desenvolvimento de CCR ou no controle do seu avanço.