Dados do Trabalho


Título

Quimioterapia de conversão em Adenocarcinoma de Terceira Porção Duodenal: Relato de Caso

Apresentação do Caso

Homem, 74 anos, com síndrome consumptiva associada à obstrução duodenal nos últimos 6 meses. Foi internado para realização de endoscopia digestiva alta, que mostrou lesão tumoral em terceira porção duodenal intransponível ao aparelho. A biópsia revelou adenocarcinoma tubular bem diferenciado de 3ª porção duodenal. Nas tomografias de estadiamento, não havia lesão à distância, porém o tumor invadia a artéria mesentérica superior. Na mesma internação, por conta da obstrução, realizou gastroenteroanastomose à Billroth II. Foi submetido à quimioterapia neoadjuvante com esquema FLOX por um período de 4 meses com boa tolerância e ganho ponderal de 10 Kg. Realizou novas tomografias de estadiamento com resposta satisfatória ao tratamento quimioterápico e redução da lesão. Foi submetido então a nova exploração cirúrgica, na qual foi possível ressecar o duodeno. Teve evolução pós-operatória favorável e segue livre da doença há um ano.

Discussão

O adenocarcinoma primário de duodeno é raro, apresentando uma prevalência de 0,5% dos tumores gastrointestinais. No entanto, é o tumor maligno mais prevalente do duodeno e representa 64% dos adenocarcinomas do intestino delgado. Localiza-se preferencialmente na segunda porção duodenal. Nesse caso, houve uma apresentação incomum, uma vez que acometeu a terceira porção.
A sintomatologia, em geral, é inespecífica com náuseas, vômitos, perda ponderal e dor abdominal. Alguns indivíduos, como no caso em pauta, podem evoluir com obstrução intestinal, o que torna o diagnóstico ainda mais complicado. O diagnóstico é realizado de modo individualizado, sem um protocolo estabelecido. A endoscopia com biópsia é um dos exames mais utilizados.
O tratamento do adenocarcinoma duodenal é cirúrgico. A quimioterapia neoadjuvante deve ser indicada, sobretudo, em casos avançados, pois pode permitir a ressecção de lesões que inicialmente eram inoperáveis. No caso, em questão, foi realizado duodenectomia com duodeno-jejuno anastomose látero-lateral isoperistáltica. Apresentou fístula linfática de baixa débito como complicação pós-operatória. Evoluiu bem, sem outras intercorrências e recebeu alta no oitavo dia de pós operatório.

Comentários Finais

O adenocarcinoma primário de duodeno apresenta uma clínica inespecífica, o que dificulta o diagnóstico em fases iniciais. Como o tratamento definitivo é cirúrgico, é essencial a realização de um diagnóstico precoce para um prognóstico favorável. Desse modo, ainda que raro, deve ser considerado durante a investigação.

Área

Neoplasias Raras

Autores

HECTOR ENRIQUE TERSIGNI ALVAREZ, MATEUS ANTONIO ROCHA, JOÃO EMÍLIO LEMOS PINHEIRO FILHO, ERICA SAKAMOTO, ANDRÉ RONCON DIAS, LUIZ HENRIQUE JORDAO JUNIOR, LUIZ GUSTAVO MARTINS BURANELLO, MARIANA TERSIGNI ALVAREZ, MARIA FERNANDA LEPORE, JAQUES WAISBERG