Dados do Trabalho
Título
"Cistoadenoma Seroso de Pâncreas de Padrão Microcístico Mimetizando Clinicamente Neoplasia Neuroendócrina – Desafios Diagnósticos e Terapêuticos"
Apresentação do Caso
Paciente masculino, 68 anos, encaminhado devido lesão pancreática em ultrassonografia de abdome, medindo 2,3x1,9x2,2 cm. Prosseguiu-se a investigação com uma ressonância magnética de abdome 1 mês após, a qual evidenciou uma lesão em cabeça pancreática medindo 2,7x2 cm, sem dilatação de vias biliares, sugerindo padrão de tumor neuroendócrino. Tomografia computadorizada por emissão de pósitrons não evidenciou aumento de metabolismo na lesão. Foi proposto tratamento cirúrgico com duodenopancreatectomia. Após o procedimento, o laudo anatomopatológico sugeriu cistoadenoma seroso de padrão microcístico.
Discussão
Os tumores císticos do pâncreas correspondem a 1-2% das lesões pancreáticas, sendo a maior parte deles cistoadenomas. O cistoadenoma seroso é relativamente raro dentre as neoplasias pancreáticas, e é considerado benigno, sendo o padrão microcístico a forma mais comum de apresentação. São tumores de origem epitelial e caracterizados por múltiplos microcistos revestidos por epitélio cúbico, com conteúdo seroso. A ultrassonografia endoscópica com punção aspirativa por agulha fina auxilia no diagnóstico diferencial, porém tem como limitação a disponibilidade. Classicamente, essas lesões são descritas como massas císticas multilobuladas e multiloculadas com calcificações e cicatrizes estreladas centrais, porém podem ter um espectro amplo de apresentações, variando desde massas císticas uniloculares a massas sólidas hipervasculares, mimetizando outras condições benignas e malignas do pâncreas. Até 11% dos tumores neuroendócrinos aparecem como imagens císticas e podem mimetizar o cistoadenoma seroso, mas se diferenciam destes devido hiperrealce da periferia em 85% dos casos. Apesar do aspecto cístico observado, a localização da lesão, seu crescimento em um intervalo de 1 mês e a baixa captação de contraste levantaram a suspeita de malignidade, justificando a agressividade do tratamento.
Comentários Finais
A apresentação inicial de uma lesão pancreática com características sugestivas de malignidade pode levar a decisões terapêuticas invasivas, mesmo quando o diagnóstico final revela uma lesão benigna. Este caso exemplifica a dificuldade de diferenciar entre lesões pancreáticas benignas e malignas apenas com base em achados pré-operatórios. O diagnóstico final de cistoadenoma microcístico após duodenopancreatectomia reforça a importância da correlação entre achados clínicos, radiológicos e patológicos para uma conduta apropriada.
Área
Câncer Hepato-pancreato-biliar
Autores
LUANA FERREIRA VASQUES, AMANDA DA SILVA ANJOS , FELIPE VIEIRA KWIATKOWSKI, RAFAEL VIEIRA KWIATKOWSKI