Dados do Trabalho
Título
Metástase Pancreática de Câncer de Mama Triplo Negativo: Desafios no Diagnóstico e Abordagem Multidisciplinar
Apresentação do Caso
Mulher de 45 anos, portadora de câncer de mama esquerda cT4bN2 triplo negativo Ki67 70%, apresentou icterícia associada à colúria, acolia fecal, prurido e perda ponderal. Realizou tomografia e ressonância de abdome, as quais evidenciaram lesão expansiva na cabeça e processo uncinado do pâncreas medindo cerca de 2,2 cm. Realizou CPRE com colocação de prótese para drenagem das vias biliares e ecoendoscopia com biópsia a fim de diferenciar metástase de neoplasia pancreática sincrônica. A biópsia mostrou tratar-se de metástase do câncer de mama. Foi submetida a quimioterapia com esquema composto por Cisplatina e Gencitabina e repetiu exames de estadiamento, que mostraram boa resposta da lesão pancreática à quimioterapia. Em tumor board, fora decidido pela realização de duodenopancreatectomia, cujo exame anatomopatológico mostrou resposta completa ao tratamento.
Discussão
No Brasil, desconsiderando os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais prevalente entre as mulheres. É subdivido de acordo com a expressão de biomarcadores (HER2; receptor hormonal - estrogênio e progestagênio; ki-67). O subtipo triplo negativo não expressa nenhum destes e possui prognóstico reservado, além de alto risco de metástase. Os órgãos mais afetados são pulmões, ossos, fígado e cérebro. No entanto, a metástase pancreática é rara, correspondendo a menos de 3%. Diferenciar a neoplasia primária do pâncreas de uma metástase é extremamente difícil, uma vez que os sintomas são similares.
O sintoma e o local mais comum da metástase pancreática são, respectivamente, icterícia e cabeça do pâncreas. Nesse caso, o achado de uma massa solitária torna ainda mais desafiador a distinção, pois até os exames de imagens apresentam semelhanças. Não existe um protocolo definido quanto ao tratamento. Deve ser feito uma avaliação multidisciplinar para a definição da conduta. No caso em pauta, a paciente apresentou boa resposta à quimioterapia e foi realizada uma gastroduodenopancreatectomia.
Houve boa evolução durante a internação, sem intercorrências clínicas, e recebeu alta no sexto pós operatório com retorno ambulatorial.
Comentários Finais
Apesar de raro, a metástase pancreática deve ser uma hipótese diagnóstica a ser considerada em casos de pacientes com história de neoplasia de mama prévia e sintomas colestáticos. Além disso, o tratamento deve ser individualizado e definido em discussão de equipe multidisciplinar.
Área
Câncer Hepato-pancreato-biliar
Autores
HECTOR ENRIQUE TERSIGNI ALVAREZ, MATEUS ANTONIO ROCHA, JOÃO EMÍLIO LEMOS PINHEIRO FILHO, ERICA SAKAMOTO, ANDRÉ RONCON DIAS, GABRIELA CAMILO TEIXIERA, MIRIAM SAYURI OMORI NISHIKAWA, PEDRO FERNANDES LOUBACK, CAMILA GUERRA, JAQUES WAISBERG