Dados do Trabalho
Título
Paraganglioma mesentérico: um relato de caso
Apresentação do Caso
Paciente feminina, 59 anos, com queixa de epigastralgia há 1 ano, sem outros sintomas associados e sem melhora após terapia clínica inicial com analgesia simples e IBP. Aos exames de imagem, presença de lesão sólida mesentérica, de 5,5cm, inicialmente com diagnóstico presuntivo de GIST à ressonância magnética. Foi submetida a ressecção laparotômica com achado de lesão mesentérica a 100cm do ângulo de Treitz, de cerca de 7cm, sólida e sem infiltração intestinal. Realizada ressecção sem ligadura vascular ou comprometimento da vascularização mesentérica. Recebeu alta no 3º dia pós operatório e teve boa evolução. O anatomopatológico evidenciou neoplasia pouco diferenciada e a imuno histoquímica sugeriu paraganglioma mesentérico.
Discussão
Paragangliomas são tumores neuroendócrinos raros associados a gânglios autônomos e que têm a capacidade de secretar catecolaminas. Classificados como funcionais ou não funcionais, a incidência anual combinada com feocromocitomas é de cerca de 0,8 a cada 100 mil pessoas. Aproximadamente 30% dos casos têm origem hereditária e podem se desenvolver em gânglios simpáticos ou parassimpáticos, influenciando suas características clínicas (Young, 2024).
Os paragangliomas parassimpáticos localizam-se, majoritariamente, no pescoço e na base de crânio, sendo que a maioria dos casos não está associada à secreção de catecolaminas. Os de origem simpática podem ser originados do pescoço até a bexiga, sendo o abdome o local com maior incidência de doença (75%) e estima-se que 86% dos casos sejam secretores. A apresentação clínica é variável, podendo ser assintomática, apresentar sintomas de hipersecreção de catecolaminas ou efeito de massa. O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem e exploração cirúrgica (Ikram; Rehman, 2024). A localização do tumor afeta a escolha pelo tratamento cirúrgico aberto ou laparoscópico, sendo que a conservação de órgãos contíguos durante a ressecção é um aspecto crítico independente do tipo de abordagem.
Comentários Finais
Os paragangliomas abdominais assintomáticos são tumores mais frequentemente detectados de forma incidental durante exames de imagem, tendo em vista a ausência de sintomas clínicos na maior parte dos casos. A avaliação histopatológica é crucial para determinar o grau de malignidade, e fatores como a localização, o tamanho do tumor e a presença de sintomas também influenciam o manejo, mais comumente com ressecção da lesão. Seguimento radiológico pode ser ofertado para paciente sem performance adequada para cirurgia.
Área
Neoplasias Raras
Autores
GUILHERME VICENTINI, Vivian Pizzatto Sala, Marina Andreoli , MIGUEL ROISMANN, GLAUCO ZAGO