Dados do Trabalho
Título
O PAPEL DOS MICRORNAS NO EIXO MICROBIOTA-INTESTINO-CÉREBRO E A PROGRESSÃO DO CÂNCER COLORRETAL
Introdução
MicroRNAs exercem um papel crucial no funcionamento do eixo intestino-cérebro e na progressão de cânceres gastrointestinais, especialmente por meio da interação com a microbiota intestinal. Estes pequenos RNAs não codificantes regulam a expressão genética e processos celulares críticos para a progressão carcinogênica, como apoptose, proliferação e diferenciação. Sua função mediadora das interações entre o organismo e microbiota evidenciam seu potencial como alvos para abordagens terapêuticas.
Objetivo
Evidenciar a importância dos microRNAs como reguladores do eixo microbiota-intestino-cérebro e seu papel na progressão tumoral de neoplasias colorretais.
Método
Revisão de literatura utilizando a base de dados PubMed para a busca de artigos na língua inglesa, publicados nos últimos 10 anos, utilizando os descritores: mirna AND colorectal AND cancer AND microbiota.
Resultados
Foram selecionados 7 artigos que cumpriram os critérios de inclusão. A microbiota intestinal é capaz de influenciar a expressão de miRNAs, o que consequentemente afeta o transcriptoma do hospedeiro e o desenvolvimento do câncer colorretal (CCR). Bactérias como o Fusobacterium nucleatum podem modular a expressão de miRNAs, como o miR-18a e miR-4802, levando à quimiorresistência no CCR. Além disso, miRNAs podem moldar a composição da microbiota, influenciando no crescimento bacteriano. O Fusobacterium aumenta a expressão de miR-21, o que contribui com o crescimento tumoral e metastatização. Dessa forma, a inibição deste miRNA surge como um possível alvo terapêutico. Todavia, a maturação do miR-4717-3p também é influenciada, o que promove supressão tumoral. Fica evidenciada a interação complexa entre a presença microbiana e a regulação oncogenética. No CCR, miR-18a é parte de um cluster que está usualmente em níveis elevados. No entanto, tal molécula pode agir como um supressor tumoral ao inibir CDC42, um mediador da via PI3K, reduzindo a proliferação celular e sua migração. Isso também sugere um papel complexo, no qual o miR-18a pode contrabalancear os efeitos oncogênicos de outros membros do cluster.
Conclusão
MicroRNAs são uma parte intrínseca do eixo intestino-cérebro na regulação de cânceres gastrointestinais, influenciando tanto a microbiota quanto a progressão tumoral. A interrelação entre os miRNAs e o eixo mostra-se como uma área de pesquisa promissora, que oferece insights em potenciais alvos terapêuticos e estratégias de abordagem ao câncer colorretal.
Área
Oncogenética
Autores
LUCAS VOLPI CANDIDO