Dados do Trabalho


Título

Influência da linfadenectomia pélvica lateral associada à excisão total do mesorreto nas taxas de recidiva de câncer colorretal.

Introdução

O câncer colorretal (CCR) é a terceira neoplasia maligna mais incidente no mundo e a segunda maior causadora de mortes, sendo o tipo histológico mais comum o adenocarcinoma (mais de 90% dos casos). Para os tumores localizados no reto, existem opções de tratamento, incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Dentre as opções cirúrgicas, a escolha da técnica pode influenciar nas taxas de recidiva local. O padrão-ouro é a excisão total do mesorreto (TME) para tumores extraperitoneais e excisão parcial para tumores intraperitoneais.

Objetivo

Este estudo visa avaliar a influência da linfadenectomia pélvica lateral (LLND) associada à TME nas taxas de recidiva do CCR, bem como os efeitos colaterais e tempo de sobrevida atrelados à técnica.

Método

Foi realizada uma revisão da literatura abrangendo estudos publicados nos últimos cinco anos na base de dados PubMed. Foram utilizados os descritores: ("lateral lymph-node dissection" OR “extended lymphadenectomy" OR "pelvic lymphadenectomy" OR "lateral lymph-node excision”) AND ("total mesorectal excision") AND ("local recurrence") AND (“meta-analysis"). Após a coleta de dados, foi conduzida uma análise crítica das implicações da LLND associada à TME no controle da recidiva local e complicações pós-operatórias.

Resultados

Foram incluídos 8 dos 9 estudos encontrados para comparar os desfechos entre a TME com ou sem LLND em pacientes com câncer de reto, pois um deles não cumpria esse critério. A análise não identificou diferença estatisticamente significativa na recorrência local ou nas taxas de sobrevivência entre os grupos. No entanto, a LLND foi associada a um aumento significativo nas complicações pós-operatórias, incluindo disfunções urinárias (sem significância estatística) e sexuais (três estudos indicaram maior tendência à disfunção sexual). A LLND também foi associada a maior tempo operatório e piora na qualidade de vida devido a complicações funcionais, sem melhorar a sobrevida livre de doença ou a sobrevida global em cinco anos. Um estudo indicou redução da recorrência local por LLND sem quimiorradioterapia neoadjuvante (nCRT), mas não mostrou vantagem de sobrevida.

Conclusão

A LLND não trouxe vantagens significativas à sobrevida, mas aumentou a morbidade pós-operatória, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes. Ademais, embora a LLND possa ser útil para reduzir a recorrência local em casos específicos, sua implementação deve ser cuidadosa, pois há complicações associadas e incerteza dos benefícios de sobrevida a longo prazo.

Área

Câncer Colorretal

Autores

ALESSANDRA BUENO DA ROSA, Pedro de Abreu Dellinghausen, Isadora Pereira Saul, Paula Vasconcelos Martini