Dados do Trabalho


Título

Técnica Endoscópica a Vácuo de Sonda-sobre-Sonda no Tratamento da Deiscência de Anastomose Colorretal após Retossigmoidectomia por Adenocarcinoma de Cólon Sigmóide

Apresentação do Caso

Masculino, 74 anos, admitido após colonoscopia com lesão ulcerada infiltrativa de 10 cm no cólon sigmoide, subestenosante. A biópsia mostrou adenocarcinoma moderadamente diferenciado. Estadiamento com tomografia sem metástases.
Feita retossigmoidectomia laparotômica + anastomose primária término-terminal, linfadenectomia retroperitoneal e drenagem. O anatomopatológico confirmou adenocarcinoma moderadamente diferenciado de 7,5 x 6,5 cm, invasão até subserosa, invasão angiolinfática e budding+. A imunohistoquímica mostrou preservação das proteínas de reparo. O estadiamento final foi pT3 N0.
No 6º PO, teve saída de gás e secreção fecalóide pelo dreno. À tomografia, uma coleção líquido-gasosa de 35 ml pararretal à direita, conectada ao lúmen retal. Decidiu-se por colonoscopia para avaliar a fístula, que revelou deiscência de 50% da circunferência da anastomose, com trajeto para a cavidade peritoneal bloqueado pelo dreno.
Pelo quadro estável e fístula bloqueada, optou-se pela técnica endoscópica de sonda-sobre-sonda. Essa técnica envolveu a passagem de fio guia pelo dreno, saindo pelo reto, e inserção de uma sonda-sobre-sonda 22Fr X 12Fr, conectada a um sistema à vácuo. Lavagem diária com solução salina e água oxigenada.
Manteve-se estável, em dieta enteral de alta absorção e antibioticoterapia. O débito do dreno variou de 70 a 140 ml, fecalóide. A segunda sessão, no 19º PO, mostrou uma redução da deiscência para 8 mm. O débito do dreno diminuiu para 30 ml, aspecto serohemático. A última sessão, 25º PO, teve fechamento completo da fístula, com tecido de granulação. A sonda foi removida e a dieta progredida.
Alta 48 horas depois, sem dreno e com boa aceitação da dieta. No retorno ambulatorial, 7 dias depois, estava em bom estado geral, evacuando e aceitando bem a dieta geral.

Discussão

Deiscências de anastomoses colorretais requerem tratamento multidisciplinar e, frequentemente, ostomia temporária ou permanente. A terapia endoscópica a vácuo (EVT) tem sido eficaz, mas a técnica tradicional com esponjas pode ser complexa e demandar trocas frequentes. A técnica de sonda-sobre-sonda (TT-EVT) simplifica esse processo, eliminando o uso de esponjas e promovendo cicatrização através de macro e microdeformação, controle bacteriano e melhora da perfusão.

Comentários Finais

A aplicação do TT-EVT resultou em uma resposta clínica positiva com fechamento progressivo da fístula. A técnica, neste caso, demonstrou ser uma alternativa minimamente invasiva no tratamento da deiscência de anastomose colorretal.

Área

Câncer Colorretal

Autores

NATALLIA MEIRA GONSALEZ, Danilo Nogueira Cimatti, Rafael Duarte Massai, Laura Balbinot Passero, Alex Matsuda Okita, Bárbara Pacheco Pacheco da Silva, Maria Clara Ferreira Vivi , Larissa Triunfo Costa, Stephani da Costa e Sousa Freire da Silva, Claudia Ribeiro Linares