Dados do Trabalho
Título
Adenocarcinoma de pâncreas moderadamente diferenciado, evolução atípica: Relato de caso. Autores: Caroline Rodrigues Brito Barriles; Rogério Obregón de Mattos; Joyce M. Capocci Cavaco. Instituição: Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen
Apresentação do Caso
Paciente feminina de 62 anos, sem histórico médico relevante, com prurido generalizado, inapetência e colúria por 3 meses, além de perda de peso de 18 kg em 1 ano. Apresentava-se ictérica e com abdome inocente. A tomografia de dezembro/22 revelou dilatação das vias biliares intra-hepáticas e lesão de 4,5 cm no processo uncinado do pâncreas. Realizada endoscopia digestiva alta com biópsias evidenciando lesão em segunda porção duodeno sugestivo de adenoma. O exame anátomo-patológico indicou adenocarcinoma moderado (G2). Foi realizada derivação bilio-digestiva com biópsias, sem intercorrências. A paciente teve alta no quarto dia. Uma nova tomografia de fevereiro/23, mostrou lesão expansiva (5,1 x 5,3 cm) na cabeça do pâncreas e nódulos hepáticos, confirmando metástases. Foi iniciado quimioterapia com Folfirinox (12 ciclos). Em junho/23, nova TC não evidenciou realces hipervasculares identificados previamente. Em setembro/23, a colangiorressonância mostrou lesão de 4 x 3,5 cm na região periampular, sem invasão vascular. A duodenopancreatectomia foi realizada em janeiro/24, sem intercorrências, e a paciente evoluiu bem. O anátomo-patológico revelou adenocarcinoma de 8,8 cm (ypT3b pN0 pMx). Atualmente, a paciente segue em acompanhamento ambulatorial.
Discussão
O estadiamento é essencial para o tratamento do adenocarcinoma pancreático. A ressecção cirúrgica é a única com potencial curativo, mas indicada para apenas 15-20% dos pacientes. Tumores borderline podem se beneficiar de quimioterapia neoadjuvante para melhorar a ressecabilidade e evitar margens cirúrgicas comprometidas. A duodenopancreatectomia , ou cirurgia de Whipple, é o tratamento preferencial nos casos ressecáveis, apesar dos riscos de complicações pós-operatórias. Nos casos irressecáveis, instituem-se cuidados paliativos. No presente caso, a quimioterapia infusional estabilizou o quadro, permitindo a cirurgia e melhorando o prognóstico da paciente.
Comentários Finais
Pode-se concluir que, o adenocarcinoma de pâncreas traz consigo um prognóstico reservado, visto o estágio avançado em que é geralmente diagnosticado. O estadiamento é crucial para guiar o tratamento. A duodenopancreatectomia, apesar de complexa, continua sendo a única opção curativa em casos ressecáveis. A quimioterapia infusional pode modificar o estadiamento e permitir a cirurgia, como demonstrado neste caso. O manejo multidisciplinar foi essencial para um desfecho mais favorável, ressaltando a importância de uma abordagem integrada no tratamento dessas neoplasias.
Área
Câncer Hepato-pancreato-biliar
Autores
CAROLINE RODRIGUES BRITO BARRILES, Rogério Obregón De Mattos, Joyce M. Capocci Cavaco