Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: OSTEOSSARCOMA CONDROBLÁSTICO RADIOINDUZIDO BILATERAL EM PACIENTE COM HISTÓRICO DE CARCINOMA CERVICAL

Apresentação do Caso

Paciente do sexo feminino, 52 a., apresentando abaulamento volumoso em coxa e glúteo à direita, associado a dificuldade para deambular e mobilizar o membro inferior direito.A paciente foi previamente tratada para carcinoma espinocelular de colo uterino (G2, estádio III) em 2012, com radioterapia (5400 cGy em 30 frações), braquiterapia (30 Gy) e quimioterapia com cisplatina.Recebeu alta em 2017, mantendo acompanhamento por dor crônica.Durante investigação do quadro clínico atual, exames de imagem (TC's) revelaram lesões ósseas mistas bilaterais nos ossos ilíacos, com reação periosteal de padrão agressivo e extensos componentes de partes moles, sendo o maior localizado à direita, medindo até 15 cm.A RM confirmou comprometimento ósseo difuso nos ossos ilíacos.Foi realizada biópsia tumoral, cujo resultado anatomopatológico revelou sarcoma com diferenciação condroblástica e osteoblástica.A análise imunohistoquímica mostrou positividade para SATB2, índice de proliferação celular Ki-67 de 80%, e perda da expressão da histona H3K27me3, resultando no diagnóstico de osteossarcoma condroblástico bilateral, relacionado à radioterapia prévia.Atualmente, a paciente não possui indicação cirúrgica, com plano de tratamento quimioterápico.

Discussão

Osteossarcomas radioinduzidos são neoplasias raras que podem surgir como consequência da radioterapia, com período de latência variável.Estudos indicam que esse intervalo pode variar entre 7 e 11 anos.A perda da imunoexpressão de H3K27me3 é um marcador frequentemente associado a sarcomas radioinduzidos, tal como a expressão elevada de Ki-67 (>45%) e positividade para SATB2. No presente caso, a paciente desenvolveu osteossarcoma condroblástico 12 anos após a radioterapia, apresentando perda da imunoexpressão de H3K27me3, SATB2 positivo e Ki-67 elevado (80%).Em sarcomas radioinduzidos, o tratamento geralmente envolve cirurgia, quando lesões ressecáveis.Porém, neste caso específico, a ressecção cirúrgica foi inviabilizada devido ao extenso comprometimento neurovascular no lado direito e à bilateralidade da doença, uma condição extremamente rara.O tratamento proposto, portanto, é a quimioterapia.

Comentários Finais

Este caso enfatiza a importância do seguimento a longo prazo de pacientes submetidos à radioterapia, pelo risco de neoplasias secundárias.A complexidade do manejo clínico desses pacientes, especialmente em casos de doença bilateral com envolvimento neurovascular, ressalta a necessidade de estratégias terapêuticas personalizadas e multidisciplinares.

Área

Neoplasias Raras

Autores

MATHEUS GABRIEL CERQUEIRA, INAIÊ MAIALA DE ALMEIDA MIRANDA, GUILHERME OLIVETTI GUARNERI, REBECA TREVISAN IURKIEWICZ, MARCELA SANTOS CAVALCANTI, TERESA CRISTINA SANTOS CAVALCANTI, PIETRO BOSQUIROLLI MAFFEZZOLLI, NAYARA VILAS NOVAS GRESELLE, FABIO ROBERTO FIN