Dados do Trabalho

Título

Procedimento de Appleby modificado: Uma alternativa para neoplasias pancreáticas localmente avançadas

Introdução

O adenocarcinoma ductal pancreático representa 85% a 95% dos tumores sólidos do pâncreas. É uma das neoplasias mais letais, com uma taxa de sobrevida de 5 anos de apenas 7,2% (Schawkat et al., 2020). A maioria dos pacientes apresenta doença avançada no momento do diagnóstico, limitando as opções de ressecção cirúrgica (Qayyum et al., 2017). O procedimento de Appleby modificado, ou pancreatectomia distal com ressecção do eixo celíaco (DP-CAR), é uma técnica cirúrgica utilizada para tratar adenocarcinoma ductal pancreático localmente avançado, especialmente quando há envolvimento do eixo celíaco e boa resposta à terapia neoadjuvante (Peters et al., 2016) (Colombo et al., 2021).

Objetivo

Revisar os resultados em morbidade, mortalidade e sobrevida da pancreatectomia distal com ressecção do eixo celíaco.

Método

Revisão de literatura sobre pancreatectomia distal com ressecção do eixo celíaco em estudos publicados entre 2016 e 2024.

Resultados

A morbidade associada ao DP-CAR é considerável. Um estudo relatou que 57,5% dos pacientes desenvolveram fístulas pancreáticas, e 28,8% apresentaram gastropatia isquêmica. A taxa de complicações maiores, de acordo com a classificação de Clavien-Dindo, foi de 41,3%. (Nakamura et al., 2016). A mortalidade pós-operatória também é uma preocupação. Em um estudo europeu, a mortalidade em 90 dias foi de 16% (Klompmaker et al., 2018). Outros estudos relatam taxas que variam de 8,4% (Loos et al., 2021) até 2% (Schmocker et al., 2021). Quanto à sobrevida, o DP-CAR pode oferecer benefícios significativos, especialmente quando combinado com terapia neoadjuvante. A sobrevida mediana relatada varia de 18 a 30,9 meses (Nakamura et al., 2016) (Klompmaker et al., 2018). Pacientes que receberam terapia neoadjuvante antes da cirurgia apresentaram taxas de sobrevida significativamente melhores (Nakamura et al., 2016). A taxa de ressecção R0, foi alcançada em 53% a 82,4% dos casos (Klompmaker et al., 2018) (Peters et al., 2016).

Conclusão

O procedimento de Appleby modificado é uma opção viável para neoplasias pancreáticas localmente avançadas, especialmente após terapia neoadjuvante, oferecendo potencial para controle local da doença e melhora na sobrevida em pacientes adequadamente selecionados. Contudo, deve-se atentar às altas taxas de complicações do procedimento, exigindo seleção cuidadosa dos pacientes e a realização em ambientes especializados para otimizar os resultados.