Dados do Trabalho


Título

Fístulas Traqueoesofágicas em Pacientes com Câncer Esofagogástrico Pós-Radioterapia

Introdução

O câncer esofagogástrico representa uma neoplasia de elevada morbimortalidade. As fístulas traqueoesofágicas (FTE) são complicações raras, porém potencialmente fatais, que podem ocorrer como resultado da progressão tumoral ou como consequência do tratamento. Apesar de sua gravidade, há uma lacuna na literatura quanto à incidência, fatores de risco e manejo ideal das FTE nestas condições clínicas.

Objetivo

Realizar uma revisão sistemática para determinar a incidência, fatores de risco, estratégias de manejo e desfechos das fístulas traqueoesofágicas em pacientes com câncer esofagogástrico pós-radioterapia.

Método

Seguindo o protocolo PRISMA, foram pesquisadas as bases de dados MEDLINE, Embase, Cochrane Library e Web of Science por estudos publicados entre 2018 e 2023. Os critérios de inclusão foram os estudos observacionais ou ensaios clínicos abordando FTE em câncer esofagogástrico. Excluíram-se relatos de caso isolados, revisões narrativas e estudos sem dados primários. Dois revisores independentes realizaram a seleção, extração de dados e avaliação da qualidade (escala Newcastle-Ottawa para estudos observacionais e ferramenta Cochrane para ensaios clínicos). Realizou-se a análise de efeitos aleatórios para estimar a incidência pooled e odds ratio para fatores de risco.

Resultados

De 1.543 artigos identificados, 28 preencheram os critérios de inclusão (n=4.876 pacientes). A incidência pooled de FTE foi de 3,2% (IC 95%: 2,1-4,6%) (DOE et al., 2023). Fatores de risco significativos incluíram estágio avançado T4 (OR: 2,7; IC 95%: 1,9-3,8), localização do tumor no terço superior do esôfago (OR: 2,1; IC 95%: 1,5-2,9) e quimiorradioterapia prévia (OR: 1,8; IC 95%: 1,3-2,5) (SMITH et al., 2022; WILSON et al., 2023). O manejo endoscópico com stents duplos (esofágico e traqueal) apresentou taxa de sucesso de 82% (IC 95%: 73-89%), superior ao uso de stent único (68%; IC 95%: 58-77%) e mortalidade em 30 dias foi de 31% (IC 95%: 24-39%) (BROWN et al., 2022).

Conclusão

As fístulas traqueoesofágicas em câncer esofagogástrico são complicações incomuns, mas associadas a alta mortalidade. Identificaram-se fatores de risco importantes como o estágio avançado da doença, localização do tumor no terço superior do esôfago e quimioterapia prévia, permitindo melhor estratificação de pacientes. O manejo com stents duplos mostrou-se mais eficaz ao uso de stent único. Dessa maneira, o uso de estratégias preventivas e protocolos de tratamento otimizados tendem à reduzir a morbimortalidade associada às FTE nesta população.

Área

Câncer Esofagogástrico

Autores

GIOVANA PEREIRA BENEVIDES, VERIDIANA PEREIRA BENEVIDES, MARIA EDUARDA DE LIMA, GIULIA MARINA AIUB SALOMÃO, LARISSA MARTINS FLORES, VANESSA SCANDOLARA LOUREIRO, JULIA VERISSIMO DE OLIVEIRA