Dados do Trabalho


Título

VIPOMA PANCREÁTICO: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso


Paciente do sexo masculino, 49 anos, tabagista e ex-etilista. Março de 2022 busca atendimento por quadro de diarreia de consistência pastosa que perdurou 20 dias. Após 8 meses, o paciente retornou ao atendimento médico com piora da diarreia, fezes líquidas com aumento da frequência associada a astenia e perda ponderal de 15 kg nesse período, sem alívio ao uso de sintomáticos. Depois de 3 meses, o paciente retorna apresentando piora da diarreia e perda de 10kg. Após um mês, em dezembro de 2023, o paciente necessitou procurar atendimento de emergência por piora do quadro. Nessa ocasião, hipocalemia (1,82), e perda ponderal de 45kg desde o início dos sintomas. Exames de imagem e anatomopatológico revelaram, após aproximadamente dois anos do início do quadro, um tumor neuroendócrino invasivo e bem diferenciado. Iniciou tratamento repondo líquidos evoluindo com injeções mensais de Lanreotida, análogo da somatostatina de longa duração que oferece sobrevida significante ao paciente.

Discussão

Os VIPomas são tumores neuroendócrinos de sua maioria pancreática, de incidência extremamente rara (1:10.000.000) e que consistem na secreção excessiva de peptídeo vasoativo intestinal (VIP). VIP é um aminoácido polipeptídico que se liga aos seus receptores nas células epiteliais intestinais atuando na secreção de fluidos e eletrólitos no lúmen intestinal. O diagnóstico de VIPoma deve ser considerado em pacientes com diarreia secretora volumosa. Outros nomes foram dados para essa síndrome, como WDHA Syndrome (watery diarrhea and hypokalemia), devido aos principais sintomas apresentados. O tratamento do VIPoma baseia-se, inicialmente, na reposição de líquidos e de eletrólitos e controle da acidose severa ocasionada pelas perdas protusas.

Comentários Finais

O VIPoma pancreático é uma patologia rara, com sintomatologia pouco específica e de natureza diagnóstica intrigante. Por se tratar de uma neoplasia incomum, em muitos casos o diagnóstico demanda tempo e suspeição não tradicional. Devido ao longo período que o paciente relatado demorou para ter seu diagnóstico, já possuía metástases em sua apresentação, contraindicando, assim, uma abordagem cirúrgica. Portanto, o presente trabalho procurou elucidar a necessidade de pensar em VIPomas diante de pacientes que apresentem diarreia aquosa que curse com hipocalemia e outras perdas eletrolíticas, uma vez que o diagnóstico precoce oferece aos pacientes prognósticos de qualidade bastante significativa.

Área

Neoplasias Raras

Autores

TOMÁS SGANDELLA FONTOURA, João Miguel Grossi, Felipe Sordi Rost, Luciano Grohs