Dados do Trabalho


Título

IRRESSECABILIDADE EM CÂNCER DE PÂNCREAS: UM RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA

Apresentação do Caso

Paciente feminina, 67 anos, com quadro clínico de icterícia há 4 semanas, associado a prurido e dor abdominal, e história de perda ponderal de 20kg em 4 meses. Histórico médico de hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2 e dislipidemia. Laboratoriais evidenciaram anemia normocrômica e normocítica e elevação importante de proteína C reativa, de enzimas canaliculares e BT de 10 mg/dL. RNM identificava formação nodular de contorno irregular em cabeça pancreática, com estenose da junção espleno-mesentérica, da veia porta a nível do hilo hepático, do tronco celíaco, da artéria hepática e acentuada dilatação da via biliar intra e extra-hepática, caracterizando a lesão como irressecável. Indicado biópsia percutânea, guiada por US, que identificou a lesão pancreática, obstrução do ducto pancreático principal e dilatação de vias biliares intra-hepáticas com aparente obstrução do colédoco, sendo realizada coledocostomia com implante de dreno interno. Anatomopatológico constatou neoplasia pancreática e procedeu-se com tratamento paliativo.

Discussão

O câncer de pâncreas compreende a 14ª neoplasia mais comum no Brasil, além de estimativas de novos casos estarem crescendo exponencialmente no país. O tipo histológico mais frequente é o adenocarcinoma ductal e a cabeça pancreática é o sítio mais afetado, fato que justifica os sintomas e quadro clínico de síndrome colestática. O câncer pancreático é associado ao tabagismo, a obesidade, a HAS e a DM2, sendo que a paciente relatada apresentava os últimos 3 fatores de risco. A doença é diagnosticada em estágio avançado, a qual, na grande maioria das vezes, já se apresenta como inoperável. A ressecção cirúrgica, por meio da cirurgia de Whipple, é indicada em apenas 20% dos casos, sendo o único tratamento curativo. O caso relatado reflete o que acontece em cerca de 80% no câncer de cabeça pancreática. A invasão vascular de vasos mesentéricos superiores, tronco celíaco, veia porta, artéria hepática e metástases à distância são critérios de irressecabilidade do tumor. Assim, o tratamento de escolha é a paliação, sendo empregados procedimentos como derivação biliar, o que foi empregado no caso da paciente relatada.

Comentários Finais

A neoplasia maligna do pâncreas é uma doença de prognóstico extremamente ruim e de altas taxas de mortalidade. Isso se deve ao seu diagnóstico tardio, uma vez que os sintomas mais alarmantes, clássicos da síndrome colestática, bem como a perda ponderal, tardam a aparecer, como o ocorrido no caso relatado.

Área

Câncer Hepato-pancreato-biliar

Autores

LUIS GUSTAVO RAMOS RAUPP PEREIRA, Júlhia Spuldaro Rabuske, Larissa Roberta Negrão, Ana Júlia Xavier Cruz Soares, Eduarda Alberti Lopes da Silva , Nicolle Rodrigues Souza, Manuela Resener Spagnol, Matheus Felipe Aquino Oliveira , Luísa Motter Comarú , Micael Guzzon