Dados do Trabalho


Título

Desafios no diagnóstico da síndrome de DRESS: um relato de caso

Apresentação do Caso

Mulher, 59 anos, alérgica ao látex, ao contraste e a múltiplas medicações, diagnosticada em março/2013 com adenocarcinoma de ovário mucinoso e múltiplos implantes peritoneais. Submetida quimioterapia neoadjuvante e histerectomia com ooforectomia sem ressecção completa peritoneal e com acometimento intestinal. Em agosto/2013, realizou cirurgia citorredutora (CRS) e quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC), englobando colocação de duplo J, ressecção tumoral hepática, em diafragma, em parede abdominal e em septo reto-vaginal, esplenectomia, pancreatorrafia, omentectomia, colecistectomia, rafia da veia cava, ileocolectomia, retossigmoidectomia, cistectomia parcial, colpectomia parcial, ureterólise, linfadenectomia pélvica, ileostomia e toracostomia com dreno. Em pós-operatório (PO), apresentou eritema e flictema, suspeitando-se de Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ), não confirmada. Em 2023, apresentou recidiva e interviu-se com CRS com retossigmoidectomia, ileostomia protetora, ressecção de nódulo peripancreático e HIPEC. Houve formação de fístula em anastomose colorretal em PO, com manejo conservador. Durante PO, iniciou rash cutâneo em áreas de flexuras, glútea, região lombossacral e abdome, com hipótese diagnóstica inicial de Exantema Flexural e Intertriginoso Simétrico Relacionado à Droga (SDRIFE) e, após, confirmou-se um quadro de Drug Rash with Eosinophilia and Systemic Symptoms (DRESS). Terapêutica com corticoterapia tópica, alternando períodos de remissão e exacerbação. Em fevereiro/2024 fechou ileostomia - enterectomia e enteroanastomose - e internou em CTI no PO devido a choque séptico de foco urinário, associado à hiperemia e descamação em tronco.

Discussão

A DRESS é uma reação medicamentosa rara e grave, em que há erupções cutâneas extensas e acometimento visceral, além de linfadenopatia, eosinofilia e linfocitose atípica. O quadro tem início tardio, entre 2 a 8 semanas após início da medicação, com curso prolongado e persistência mesmo após cessar o uso. Ainda que heterogênea, apresenta-se inicialmente como uma erupção maculopapular, simétrica em tronco e extremidades, e com acometimento > 50% da superfície corporal. Os sintomas persistem em média por 7 semanas, sendo comuns remissões após a fase aguda. Sequelas autoimunes podem ocorrer a longo prazo.

Comentários Finais

Essa rara farmacodermia, de fisiopatologia incerta, possui diagnóstico complexo, sendo fundamental manejo precoce para evitar um prognóstico desfavorável.

Área

Outros e Miscelânea

Autores

IGOR CASOTTI DE PADUA, Milena Salvador Martins, Isabela Alicia Fink, Bernardo do Nascimento Pitthan, Bruna Albacete Pires, Vânia Marisia Santos Fortes dos Reis, Georgia Sandler Guimarães, Ana Carolina Bathelt Fleig, Rafael Seitenfus