Dados do Trabalho
Título
CÂNCER GÁSTRICO EM PACIENTE PÓS GASTRECTOMIA PARCIAL POR DOENÇA PÉPTICA
Apresentação do Caso
N.B, sexo masculino, 72 anos, tabagista e alcoolista em abstinência há 12 anos, com gastrectomia parcial prévia por doença péptica em 1980. Paciente procurou gastroenterologista em fevereiro de 2022 devido sintomas de hematoquezia, pirose, refluxo gastroesofágico e dor em fossa ilíaca direita associada a náuseas. Realizada colonoscopia em março de 2022 sem alterações, porém em julho de 2023 realizou endoscopia digestiva alta evidenciando pangastrite endoscópica enantematosa acentuada e lesão ulcerovegetante em anastomose gastrojejunal com biópsia evidenciando adenocarcinoma pouco diferenciado com células em anel de sinete. Encaminhado para Serviço de Cirurgia Oncológica de referência. Tomografia Computadorizada (TC) abdominal de estadiamento mostrou proeminência linfonodal nas cadeias para-aórticas, a maior à direita, medindo 2,1 x 1,2 cm e trombose/oclusão de artéria ilíaca direita. Indicado tratamento cirúrgico upfront. Realizada gastrectomia total e ressecção em bloco de segmento hepático (comprometimento do segmento III por contiguidade - achado no trans operatório) com reconstrução do trânsito em y de roux + linfadenectomia retroperitonial em novembro de 2023 com boa evolução pós operatória. Resultado Ap - pT2N0M0. Encaminhado ao oncologista clínico, mantém acompanhamento trimestral com TC de controle, sem necessidade de quimioterapia adjuvante.
Discussão
O câncer gástrico é o terceiro tipo de neoplasia com maior mortalidade e o quinto em incidência, sendo o adenocarcinoma responsável por 95% dos casos. Estudos mostram que há uma prevalência de 1-9% entre os casos de câncer de estômago, dentro destes 0,8-8,9% dos indivíduos foram submetidos à ressecção gástrica parcial por úlcera péptica prévia. Antes do desenvolvimento dos inibidores de bomba de prótons (IBPs) o tratamento para doença péptica era a gastrectomia parcial com vagotomia seletiva, contudo, a ocorrência de câncer gástrico é comum cerca de 20 anos após a realização da cirurgia, devido a diminuição do nível sérico de gastrina e a presença de refluxo gastroduodenal ocasionados após o procedimento.
Comentários Finais
Com o desenvolvimento de IBPs e antibioticoterapia para tratamento de úlcera péptica e infecções por H. pylori respectivamente, a gastrectomia parcial deixou de ser a primeira linha de tratamento, reduzindo os riscos de desenvolvimento de câncer gástrico como consequência do tratamento de doença péptica.
Área
Câncer Esofagogástrico
Autores
LETICIA KOSLOWSKI SIMOES, Djuly Pereira Rutz, Gabriela Resmini Durigon, Níkolas Frizon Nicolaou, Paola Suelen Klein, Sofia Gazola Faé, Caroline Dalla Lasta Frigeri