Dados do Trabalho
Título
INTUSSUSCEPÇÃO ESÔFAGO-JEJUNAL: UM RELATO DE RARA COMPLICAÇÃO EM PÓS-OPERATÓRIO DE RESSECÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA EM PACIENTE ONCOLÓGICO
Apresentação do Caso
Homem, 38 anos, etilista, tabagista, encaminhado ao serviço de oncologia devido disfagia progressiva e perda ponderal de 40kg em 3 meses. Paciente com lesão tumoral de esôfago distal/cárdia. Realizou tratamento neoadjuvante e após esofagogastrectomia, linfadenectomia retroperitoneal a D2 e reconstrução em Y de Roux. O anatomopatológico pós-operatório(PO): adenocarcinoma pouco diferenciado, 19 linfonodos isolados, todos livres de doença. Boa evolução e alta no 8º dia PO. Cinco meses após a cirurgia iniciou novamente com disfagia associado a perda ponderal. Em 12/2023 internou com piora da disfagia. Na internação realizou tomografia com contraste via oral sem evidência de obstrução. Como persistia com disfagia, apesar dos exames de imagem sem fator obstrutivo, foi submetido a jejunostomia com plano de seguir investigação ambulatorial. Em 01/2024 apresentava disfagia completa. Nova TC revelou estenose completa e EDA com intussuscepção da alça jejunal no esôfago, edema e estreitamento da anastomose esofagoentérica não permitindo passagem do aparelho. Não evidenciou lesão passível de biópsia. Sendo assim, foi submetido a novo procedimento cirúrgico. No transoperatório foi confirmado a intussuscepção esofagojejunal (IEJ), com sinais de sofrimento da alça alimentar. Realizado ressecção do segmento do esôfago médio/distal + porção do jejuno em sofrimento e nova anastomose grampeada intratorácica por incisão abdominal com grampeador circular de 25mm. Paciente apresentou adequada evolução PO.
Discussão
No tratamento cirúrgico de cânceres ressecáveis de esôfago, existem inúmeras possíveis complicações, como: fístula anastomótica, isquemia, estenose, lesão nervosa, fístula linfática, entre outras. As estenoses anastomóticas podem causar disfagia, odinofagia, aspiração e desnutrição, sendo indicado a realização de endoscopia. A intussuscepção jejunal (IJ) é incomum e gera obstrução do aparelho digestivo cursando com dor, vômitos e emagrecimento como no caso apresentado. A IJ geralmente não é redutível e se faz necessária a ressecção cirúrgica do intestino delgado intussusceptor para resolução definitiva. No caso em questão foi realizado ressecção do segmento de esôfago e jejuno envolvido com nova anastomose esôfagojejunal. A IEJ é uma complicação rara e não foi encontrado estudos e relatos ao ser pesquisada.
Comentários Finais
Devido à dificuldade de relatos na literatura a respeito da IEJ, se faz importante abordar e discutir o assunto para elaborar a melhor estratégia em casos subsequentes.
Área
Câncer Esofagogástrico
Autores
ARTHUR GOMES RIBEIRO, FAGNER LEANDRO MARTINS FERREIRA, ALEX SCHWENGBER, CRISTIANO DEGASPERI, LUCAS VENTURA LISBOA, ALEXSANDER BERGENTHAL LEIVAS BARBOZA, JULIANA LIMBERGER HEINZE, GABRIELE MADALENA CERENTINI, FERNANDA CAROLINA ZILLMER