Dados do Trabalho
Título
METÁSTASES HEPÁTICAS POR NEOPLASIA MALIGNA DE COLO UTERINO: UM RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA
Apresentação do Caso
Paciente feminina, 52 anos, com histórico de histerectomia radical por lesão intraepitelial de alto grau em colo uterino há 10 anos devido à recidiva local de conizações prévias. Após 3 anos do procedimento, apresentou dispareunia, sangramento vaginal e lesão em parede vaginal. Realizada biópsia, que constatou carcinoma epidermóide in situ e seguiu-se com braquiterapia. Após 5 anos, evoluiu com edema em membros inferiores e sinais de obstrução ureteral, identificando-se linfonodomegalia retroperitoneal sobre os vasos ilíacos e ureter. Submetida à colocação de duplo J e QT com paclitaxel, carboplatina e associada à imunoterapia com pembrolizumabe para neoplasia de colo uterino PDL1 positivo. No último ano, apresentava regressão da doença ginecológica, em seguimento oncológico, quando foi identificado, no PET CT, hipercaptação de lesões hepáticas e de linfonodos porto-cavais, compatíveis com metástases, situadas entre segmentos 6 e 7, medindo 7.8 cm; também foi identificada outra lesão no segmento 7, com 4.7 cm. Procedeu-se com hepatectomia direita seguida de linfadenectomia retroperitoneal. Ao anatomopatológico, identificou a presença de metástases de carcinoma epidermoide nas amostras hepáticas, linfonodais para-cavais e do colédoco. Paciente segue em acompanhamento ambulatorial.
Discussão
Embora incomum no diagnóstico inicial, a metástase se desenvolverá em 15 a 61% das mulheres com câncer cervical. O fígado é um dos órgãos mais acometidos por metástases. Já é constatada a eficácia da ressecção de metástases hepáticas de origem colorretal, por outro lado, pouco são os dados existentes acerca do tratamento das metástases hepáticas de origem não-colorretal, como o caso da paciente relatada - a qual tem lesão primária em colo uterino. No passado, a evidência de metástases hepáticas era considerada critério de incurabilidade. Contudo, hoje, estudos recentes sugerem que a hepatectomia aliada à linfadenectomia , em caso de metástases de tumores primários não-colorretais, eleva os índices de bom prognóstico da doença, em casos de neoplasias primárias do trato genitourinário e ginecológicas. Nesse sentido, o tratamento cirúrgico tem sido implementado para metástases hepáticas de tumores não-colorretais, desde que apresentem controle da lesão primária, tal qual o caso descrito acima.
Comentários Finais
Por fim, a ressecção de metástases, desde que aplicada aos casos selecionados, associada ao tratamento do tumor primário, prolonga a sobrevida livre da doença, como no caso citado.
Área
Câncer Hepato-pancreato-biliar
Autores
LUIS GUSTAVO RAMOS RAUPP PEREIRA, PAULO ROBERTO REICHERT, JOÃO PEDRO FELKL NASCIMENTO, Micael Guzzon , Eduarda Alberti Lopes Silva, Júlhia Spuldaro Rabuske, Luísa Motter Comarú, Larissa Roberta Negrão, Raíssa Santos Copatti, Mirella Paim Wanderley