Dados do Trabalho
Título
Desafios da ressecção multivisceral nos tumores colorretais e a importância da análise molecular
Apresentação do Caso
Paciente sexo feminino, 44 anos. História de dor abdominal há quatro meses associado a perda de peso cerca de 15 kg no período. Realizou colonoscopia que visualizou lesão vegetante em colón transverso, próximo ao ângulo esplênico. Biópsia por colonoscopia confirmou adenocarcinoma invasivo. Tomografia de abdome sugerindo amplo contato com quarta porção duodenal e fáscia renal esquerda, estadiamento clinico de T4bN0M0.
Achado intraoperatório de volumoso tumor em cólon transverso em topografia de flexura esplênica, com envolvimento de hilo esplênico, rim esquerdo, quarta porção duodenal e grande curvatura de estômago, além de corpo e cauda de pâncreas. Prosseguindo com ressecção multivisceral, realizada colectomia esquerda + linfadenectomia a D3, nefrectomia esquerda, gastrectomia parcial atípica, pancreatectomia corpocaudal, enterectomia de quarta porção duodenal e esplenectomia.
Evoluiu em pós-operatório com fístula pancreática grau A, sem demais intercorrências, recebendo alta no 10º dia pós operatório.
Seguiu para avaliação da oncologia clinica que realizou adjuvância com capecitabina por 03 ciclos. Após resultado de imuno-histoquímica constatando deficiência nas enzimas de reparo do DNA ( deficiencie mismatch repair - dMMR), optado por não prosseguir com mais ciclos.
Discussão
O achado de tumores localmente avançados geralmente leva a discussão interdisciplinar para a possibilidade de terapia neoadjuvante com intuito de reduzir o porte cirúrgico ou talvez otimizar o preparo pré-operatório de pacientes, por exemplo, com melhora nutricional. Merok et al avaliaram pacientes com adenocarcinoma de colon estágio II com MSI, confirmando que após ressecção completa dos tumores os pacientes com dMMR tem melhor prognóstico. Estudo retrospectivo (Ni et al, 2023) demonstrou que em pacientes com adenocarcinoma de colón localmente avançado nos pacientes com dMMR, ao serem comparados entre grupos que foram submetidos a cirurgia upfront vs tratamento neoadjuvante, em relação a sobrevida global não houve diferença e quando comparado sobrevida livre de recorrência, os pacientes submetidos apenas a cirurgia se sobressaíram. Apesar de desafiadora, a cirurgia multivisceral upfront deve ser encorajada como tratamento curativo nestes pacientes.
Comentários Finais
Este caso reforça a possibilidade do procedimento cirúrgico upfront em pacientes com tumores localmente avançados, principalmente no contexto de pacientes com instabilidade de microsatélite, onde questiona-se o benefício do tratamento quimioterápico.
Área
Câncer Colorretal
Autores
AMANDA VIEIRA BARBOSA, Maria Daniele de Miranda Duarte, Beatriz da Silva Monteiro Cavalcanti, Andrezza Lôbo Rodrigues, Luciana Walter Pessoa de Melo , Felipe Augusto Cruz Lopes Miranda