Dados do Trabalho
Título
RARO LEIOMIOMA OVARIANO EM FRAMBOESA: RELATO DE CASO
Introdução
O leiomioma cotiledonóide é um tumor benigno raro de ovário que aos exames de imagem pode mimetizar tumores malignos. Essas tumorações ocorrem principalmente em mulheres em idade reprodutiva com risco relacionado à raça negra, idade avançada, obesidade, hipertensão, nuliparidade e a não utilização de métodos contraceptivos hormonais. São, em geral, subnotificadas por serem em sua maioria assintomáticos e/ou descobertos de forma acidental em exames de rotina ginecológica.
Objetivo
Descrever as características clínicas de um leiomioma cotiledonóide ovariano
Casuística
-
Método
W.M.O.S., 37 anos, feminino, G2P2A0, sem comorbidades prévias comparece em consulta médica em hospital especializado da rede SUS em 04/2023 com queixa de massa ovariana. No exame físico, não foram identificadas massas palpáveis em abdome. Em ultrassonografia pélvica (01/2023) foi identificada massa em ovário esquerdo exibindo intenso fluxo ao doppler, medindo 6,6x5,6x4,4 cm (85,5 cm3) multilobulado, correspondendo com lesão expansiva primária ou mioma pediculado, além de presença de líquido livre no fundo de saco posterior. Foi realizada colpocitologia oncótica (01/2023) de resultado negativo e marcadores tumorais CEA 1,74 e CA-125 17,10. Em avaliação pré-operatória, realizou-se ressonância magnética da pelve (05/2023) em que havia lesão expansiva de contornos irregulares, com realce hipervascular heterogêneo, interposta entre a serosa uterina e a serosa ovariana medindo 6,3x6,7x5,7 (121,4 cm3). Em endoscopia digestiva alta (06/2023) demonstrou-se pangastrite enantematosa com ausência de infecção por Helicobacter pylori. A paciente foi abordada cirurgicamente em 07/2023 por meio de ooforectomia à esquerda com congelação. O laudo histopatológico demonstrou leiomioma de padrão cotiledonoide com dimensões 7,0x6,8 cm em área e 4,0 cm de espessura e implante em face vesical à direita, sem cumprir critérios de malignidade. O primeiro laudo imunohistoquímico (09/2023) demonstrou painel desmina positivo forte difuso, 1A4 positivo forte difuso, P16 negativo, p53 negativo, Ki67 10-20% sendo compatível com neoplasia de músculo liso. Enquanto na revisão do laudo (10/2023), demonstrou-se p16 e p53 negativos, MIB1/ki67 de 5% para neoplasia fusocelular de celularidade moderada em feixes longos com fenótipo mioide em ovário esquerdo. Paciente segue em seguimento pós-operatório com boa evolução.
Resultados
Os leiomiomas cotilenodoides podem apresentar padrões infiltrativos e irregulares, que podem ser sugestivos de malignidade, entretanto ressalta-se seu perfil benigno, sendo possível confundi-lo até mesmo com fibromas. Apesar de haver poucas descrições na literatura, evidências existentes ressaltam características como intensa vascularização ao doppler, forma irregular e a tendência de infiltração de tecidos adjacentes, contando com pouquíssimos relatos de tumores de origem ovariana assim como no caso exposto. Por tais características e a difícil distinção do leiomioma com tumores malignos de ovário, a terapia de escolha é a cirurgia radical por histerectomia (80%) ou miomectomia (20%).
Conclusões
O relato descreve um caso de leiomioma cotilenodoide em ovário, uma neoplasia benigna com rara apresentação clínica.
Fotos e tabelas
Referências
BUONOMO, F. et al. The Management of the Cotyledonoid Leiomyoma of the Uterus: A Narrative Review of the Literature. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 16, p. 8521, 12 ago. 2021.
ROTH, L. M.; REED, R. J.; STERNBERG, W. H. Cotyledonoid Dissecting Leiomyoma of the Uterus: The Sternberg Tumor. The American Journal of Surgical Pathology, v. 20, n. 12, p. 1455, 1 dez. 1996.
STEWART, E. et al. Epidemiology of uterine fibroids: a systematic review. BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology, v. 124, n. 10, p. 1501–1512, 13 maio 2017.
BUONOMO, F. et al. The Management of the Cotyledonoid Leiomyoma of the Uterus: A Narrative Review of the Literature. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 16, p. 8521, 12 ago. 2021.
Palavras Chave
Tumor raro; tumor de ovário; Leiomioma; tumores benignos de ovário;
Área
Tumores raros
Autores
SOFIA ARRUDA, CASTELO BRANCO SANTOS, Laura Froes Nunes da Silva, Ludmylla Ellen Ferreira Freire , ANA GABRIELA CALDAS OLIVEIRA