Dados do Trabalho
Título
Mortalidade por câncer de mama e distribuição de mastologistas no Brasil
Introdução
O câncer de mama representa a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, excetuando o câncer de pele não melanoma. Quando diagnosticado e tratado precocemente possui bom prognóstico, com sobrevida média de 80% em 5 anos. Porém, a incidência crescente de neoplasias malignas, como câncer de mama, assim como sua mortalidade, geralmente decorrente de diagnósticos tardios, permanecem como um problema de saúde pública. A identificação e compreensão das diferentes taxas de incidência e mortalidade por câncer de mama nas regiões do Brasil são cruciais para direcionar estratégias de gestão e de políticas de saúde mais eficazes.
Objetivo
Analisar a distribuição da mortalidade por câncer de mama nas regiões geográficas brasileiras ao longo de um período de 10 anos e comparar com a densidade demográfica de médicos especialistas (mastologistas).
Casuística
Não se aplica.
Método
Trata-se de um estudo transversal, descritivo, realizado a partir de dados secundários fornecidos pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, no período de 2012 a 2022. As taxas de mortalidade por câncer de mama foram analisadas e comparadas por região geográficas, considerando a evolução ao longo do tempo. Os dados referentes ao número de especialistas em Mastologia foram coletados do projeto Demografia Médica do Brasil realizado pelo Conselho Federal de Medicina, sendo analisadas as publicações de 2013 e 2024.
Resultados
A análise demonstrou aumento das taxas de mortalidade por câncer de mama em todas as regiões do país. Em dez anos, verifica-se que a região Norte elevou em 68% o risco de morte por câncer de mama (2012 era 5,8 a cada 100.000 mulheres e em 2022, passou a 9,6) representando mais que o dobro das variações encontradas nas regiões Sudeste (23%), Sul (28%) e Centro-Oeste (30%). Ao mesmo tempo, nos 10 anos analisados, o número de mastologistas quase dobrou em todas as regiões do Brasil, e manteve sua concentração na região Sudeste (51%), seguido pelo Nordeste (22,6%). A região Norte teve um aumento de 133,3% no número destes especialistas, de 51 para 119 profissionais em dez anos, porém não chega a 10% do quantitativo encontrado na região Sudeste em 2022, 1485 mastologistas. Dessa maneira, a razão de mastologistas por 100.000 habitantes na região Norte é de 0,69, número esse abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde, que estipula ser necessário no mínimo 1 profissional para cada 100.000 habitantes.
Conclusões
No período de 2012 a 2022 houve aumento da taxa de mortalidade por câncer de mama em todo o Brasil, com destaque para a região Norte. No mesmo período houve aumento de formação de mastologistas em todas as regiões, porém, a distribuição geográfica permaneceu a mesma. Depreende-se que na região Norte o número abaixo do necessário de mastologistas corrobora o aumento no risco de morte por neoplasias mamárias, justificado pelo déficit no diagnóstico e no tratamento. Tais informações são importantes para direcionar políticas eficientes de rastreio, diagnóstico precoce e tratamento oportuno, no intuito de conter o crescimento da taxa de mortalidade, aumentando a sobrevida e a qualidade de vida das mulheres brasileiras.
Fotos e tabelas
Palavras Chave
Câncer de Mama; Mastologista; mortalidade; Densidade médica;
Área
Gestão e Políticas Públicas
Instituições
Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Jenaine Rosa Godinho Emiliano, Lucas Gonçalves Carvalho, Rogerio Martins de Oliveira, Amanda Maria Souza Felix, Wender Emiliano Soares, Vanessa de Campos Santos, Rocio Fernandez Santos Viniegra