Dados do Trabalho

Título

NEOPLASIA MUCINOSA DE BAIXO GRAU DE APÊNDICE CECAL COM INVASÃO OVARIANA ASSOCIADA A MALIGNIDADE EM LÍQUIDO ASCÍTICO: RELATO DE CASO

Introdução

O carcinoma mucinoso de ovário é uma manifestação rara dessa neoplasia e ocorre, principalmente, em mulheres na perimenopausa.

Objetivo

Descrever a apresentação clínica de neoplasias mucinosas de baixo grau com invasão ovariana.

Casuística

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Método

M. M. M. S., 73 anos, feminino, aposentada; G4P1nA3; diabética, hipertensa e obesa apresentou-se em consulta médica com volumosa massa cística multiloculada em fossa ilíaca direita (4,5 x 3,4 x 3,4 cm) que rechaçava alças intestinais de delgado em tomografia computadorizada. Em consulta após realização de exames de estadiamento, queixava-se de fadiga e hiporexia, com massa abdominal palpável até o hipogástrio. A ressonância magnética da pelve constatou volumosa formação lobulada de aspecto cístico multiloculado com epicentro na cavidade pélvica com volume de 3.670,6 cm3, além de CEA > 100 e CA 125 de 77,9 e endoscopia digestiva alta normal. A cirurgia realizada foi laparotomia para avaliação de tumor ovariano associada a histerectomia total em oncologia com linfadenectomias inguino ilíaca bilateral e paraórtica, além de epiplectomia com colecistectomia e apendicectomia. No intraoperatório, foi observada a presença de mucina na cavidade tumoral e apêndice aumentado de volume, com líquido ascítico. Ao laudo histopatológico da cirurgia, foi de neoplasia mucinosa de baixo grau em ovário e neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice cecal com positividade do líquido ascítico para malignidade, epíplon e vesícula sem acometimento, goteira direita e esquerda sem acometimento neoplásico, linfonodos para-aórticos, inguino-ilíacos sem acometimento neoplásico e líquido ascítico positivo para malignidade. Paciente recebeu alta sem complicações imediatas ou tardias. Segue em terapia adjuvante com protocolo XELOX (Oxaliplatina e Capecitabina) prescrito na racional de maior efetividade com QT para tumor colorretal. Atualmente em seguimento, acompanhando linfoceles residuais.

Resultados

Neoplasias de apêndice cecal são raras, sendo classificadas entre epiteliais e neuroendócrinas. As epiteliais frequentemente são secretoras de mucina, como no quadro da paciente, sendo comuns os adenocarcinomas mucinosos e as neoplasias mucinosas de baixo grau (LAMNs). Na literatura, há associação entre LAMNs em apêndice cecal com metástases em ovário com invasão peritoneal. Porém, é essencial atentar para a avaliação intraoperatória pelo cirurgião, já que a suspeita inicial para a paciente em questão seria um tumor primário de ovário e foi observada alteração do apêndice cecal durante a laparotomia estadiadora para avaliar o status e o estadiamento adequado da doença, além da presença de mucina na cavidade tumoral. Essa avaliação só é possível durante o procedimento cirúrgico, pois não há marcadores biológicos ou exames de imagem que possam comprovar alterações em estruturas pélvicas ou do próprio apêndice na cavidade.

Conclusões

Diante do caso, observa-se congruência com evidências já existentes da relação entre tumores primários de apêndice cecal com disseminação ovariana com positividade de líquido ascítico. Ressalta-se a importância da abordagem cirúrgica com intenção inicial curativa para tratamento e estadiamento dos tumores ovarianos.

Fotos e tabelas

Referências

CARR, N. J. et al. The histopathological classification, diagnosis and differential diagnosis of mucinous appendiceal neoplasms, appendiceal adenocarcinomas and pseudomyxoma peritonei. Histopathology, v. 71, n. 6, p. 847–858, 19 set. 2017.
JAVADI, S. et al. Ovarian Cancer, the Revised FIGO Staging System, and the Role of Imaging. American Journal of Roentgenology, v. 206, n. 6, p. 1351–1360, jun. 2016.

Palavras Chave

Câncer de ovário; Tumor ginecológico; Câncer feminino