Dados do Trabalho


Título

CÂNCER DE VULVA E CONDILOMATOSE: A IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR

Introdução

Entende-se como algo de suma importância relatar casos de condilomatose e câncer de vulva para melhoria na abordagem terapêutica, visando não somente a cura da doença, mas também a reabilitação fisiológica e social das pacientes.

Objetivo

Tem-se como objetivo ressaltar a importância da abordagem multidisciplinar.

Casuística

Uma paciente.

Método

Trata-se, portanto, de um relato de caso.

Resultados

: Mulher, 59 anos, refere surgimento de lesões em região vulvar há 4 meses. Na história pregressa: hipertensa, diabética tipo 2, transtorno psiquiátrico não especificado. Tabagista de longa data, nega vacinação contra o papiloma vírus humano (HPV).Boa performance status, eutrófica, com lesões condilomatosas em vulva bilateralmente associado a drenagem de secreção esverdeada, odor fétido e área de flutuação em glúteo a direita em contiguidade com as lesões vulvares.Em propedêutica, exames de imagem descartaram tumor a distância e infiltração de planos profundos.Foi realizada vulvectomia ampliada com drenagem de abcesso perineal, e optado por não realizar fechamento da ferida nessa ocasião dado quadro infeccioso em atividade.A paciente foi mantida internada para antibioticoterapia venosa e 14 dias após, foi realizada abordagem conjunta com cirurgia plástica. Utilizou-se dupla técnica para fechamento da ferida: sutura elástica na porção vulvar e curativo de Figueredo na região perineal. Realizada ainda colostomia direita sob incisão específica para redução da contaminação da ferida. O anatomopatológico evidenciou condilomatose e carcinoma epidermoide (CEC) de vulva bem diferenciado com alterações celulares sugestivas de infecção pelo HPV.Margens livres, ausência de invasão angiolinfática e invasão perineural: pT1bNxM0. 30 dias após a primeira cirurgia, foi realizada linfadenectomia inguinal bilateral. Observado crescimento de lesão vegetante de aproximadamente 1 cm em cicatriz prévia, e realizada sua ressecção. Anatomopatológico mostrou linfonodos livres de doença e neoplasia intraepitelial vaginal grau 1 – NIVA1. Em 3 meses foi realizado acompanhamento quinzenal com equipe médica e enfermagem especializada em feridas para troca de curativos e acompanhamento da mesma. Em 6 meses, foi submetida a reconstrução de trânsito intestinal, até a presente data, segue livre de doença e completamente reabilitada. O CEC de vulva é uma neoplasia rara que representa cerca de 5% de todos os cânceres ginecológicos, entretanto, dentre os cânceres vulvares corresponde a 90% dos casos. Observa-se concordância do caso com a literatura, na associação da neoplasia com a infecção por HPV, no entanto, com uma apresentação multifocal rara que ocorre em cerca de apenas 2% dos casos. Nesse contexto, a abordagem multidisciplinar tem papel fundamental no sucesso do tratamento. Outra concordância é a presença do tabagismo como fator de risco para lesões neoplásicas advindas da infecção pelo HPV.

Conclusões

Apesar de sua baixa incidência, o câncer vulvar apresenta desafios terapêuticos devido à sua variedade de apresentações clínicas. Lesões complexas exigem abordagem de equipe multidisciplinar para maiores chances de cura com reabilitação de funções sexuais e eliminatórias.

Fotos e tabelas

Referências

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Palavras Chave

HPV; Carcinoma epidermoide; Vulvectomia; Equipe multidisciplinar

Área

Tumores da vulva e vagina

Autores

Laís Botelho Brum, Raphael Barreto Campos, Virgínia de Souza Brito, Thaís Barbosa Alves, Daniel Altomare Fonseca Campos, Maria Eduarda Prata Ramos, Litielly Nayara Freitas Andrade